O mercado de trabalho brasileiro no último trimestre de 2017

Eduardo Miguel Schneider

1 – O mercado de trabalho metropolitano brasileiro

Em outubro, o número de ocupados declinou em duas das quatro áreas metropolitanas pesquisadas pela Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED): Região Metropolitana de Porto Alegre (-2,7%) e de São Paulo (-0,4%). Somente na Região Metropolitana de Salvador a ocupação aumentou (0,5%), já que no Distrito Federal ela permaneceu relativamente estável (0,1%). Também a comparação do resultado de outubro com os registrados em igual mês do ano anterior, portanto, afastando-se os efeitos sazonais, revela diferentes tendências entre as regiões pesquisadas. Houve retração do nível ocupacional nas regiões metropolitanas de Porto Alegre (-5,6%) e de São Paulo (-0,5%) e aumento na Região Metropolitana de Salvador (2,4%) e no Distrito Federal (1,7%).

Com pífio desempenho da ocupação no mês, a taxa de desemprego total permaneceu relativamente estável para a maior parte das quatro áreas metropolitanas investigadas – apenas na Região Metropolitana de Porto Alegre, onde a maior taxa é a menor entre as regiões, houve aumento do desemprego. Já a tendência da taxa de desemprego total nos últimos 12 meses foi de crescimento para a maioria das regiões pesquisadas; somente na Região Metropolitana de Salvador, onde a taxa é a maior entre as regiões, houve declínio do desemprego.

Gráfico 1 – Taxa de desemprego total

Regiões Metropolitanas e Distrito Federal

Outubro de 2016, Setembro de 2017 e Outubro de 2017

(em % da PEA)

Fonte: Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED). Convênio Seade–Dieese, MTE/FAT e convênios regionais.

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Em setembro, o rendimento médio real dos ocupados diminuiu na maioria das áreas metropolitanas pesquisadas, apenas na Região Metropolitana de Salvador o rendimento aumentou. O Distrito Federal registrou o rendimento mais elevado entre as regiões pesquisadas (R$3.210). Por outro lado, o menor rendimento foi observado na Região Metropolitana de Salvador (R$1.476). Já a tendência do rendimento médio real nos últimos 12 meses foi de crescimento para a maioria das regiões inqueridas; apenas no Distrito Federal houve declínio dos rendimentos nessa base de comparação.

Gráfico 2 – Variação percentual anual da massa de rendimentos reais dos ocupados

Regiões Metropolitanas e Distrito Federal

Setembro de 2016 – Setembro de 2017

(em %)

Fonte: Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED). Convênio Seade–Dieese, MTE/FAT e convênios regionais.

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Por sua vez, nos últimos 12 meses findos em setembro, a massa de rendimentos reais dos ocupados aumentou nas três regiões metropolitanas com dados disponíveis. O destaque positivo coube a Região Metropolitana de Salvador.

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2 – O mercado de trabalho formal brasileiro

Conforme o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), o saldo entre trabalhadores admitidos e desligados no acumulado do trimestre entre agosto e setembro de 2017 totalizou positivo no Brasil; foram quase 146 mil vínculos formais a mais.

Esse crescimento no emprego formalizado foi melhor que o saldo positivo registrado no trimestre imediatamente anterior (80 mil vínculos) e, também, melhor que o resultado observado no mesmo trimestre do ano anterior (-148 mil vínculos). Ademais, os três meses do trimestre em análise registraram, isoladamente, resultados mensais positivos.

Em termos regionais, todas as regiões geográficas do Brasil registraram saldos positivos em suas movimentações de trabalhadores no último trimestre (Tabela 2). Na Região Sudeste a movimentação de trabalhadores formais foi maior, mas os saldos positivos mais pronunciados foram registrados nas regiões Nordeste e Sul.

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Fonte: CAGED – Outubro/2017.

Setorialmente, no acumulado dos meses entre agosto e outubro de 2017, três setores observaram saldos positivos em suas movimentações: indústria, comércio e serviços (Tabela 3). Já a agropecuária e a construção civil registraram saldos negativos. O destaque positivo coube à indústria e o negativo à agropecuária.

5Fonte: CAGED – Outubro/2017.

Já em termos da movimentação de vínculos de trabalhadores por faixa de remuneração, constata-se que a redução de vínculos ocorreu nos salários acima de 1,5 salários mínimos e que o crescimento se concentrou nas faixas salariais abaixo deste patamar (Tabela 4). Essas estatísticas sugerem a persistência da histórica rotatividade de trabalhadores que caracteriza estruturalmente o mercado de trabalho brasileiro.

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Nota: os valores totais excluem os registros com a informação de remuneração ignorada.

Eduardo Miguel Schneider é economista, técnico licenciado do Dieese; doutorando em Economia do desenvolvimento no PPGE/UFRGS/Bolsista CNPq.

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