O mercado de trabalho brasileiro no terceiro trimestre de 2017

Eduardo Miguel Schneider

1 – O mercado de trabalho metropolitano brasileiro

Em julho, o número de ocupados aumentou nas quatro áreas metropolitanas pesquisadas pela Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED); Região Metropolitana de Porto Alegre (3,7%) e de Salvador (2,2%), de São Paulo (0,7%) e no Distrito Federal (0,3%). Por sua vez, a comparação do resultado de julho com os registrados em igual mês do ano anterior – portanto, afastando-se os efeitos sazonais – revela diferentes tendências entre as regiões pesquisadas. Houve retração do nível ocupacional nas regiões metropolitanas de Porto Alegre (-4,0%) e de São Paulo (-1,2%) e aumento na Região Metropolitana de Salvador (5,5%) e no Distrito Federal (4,1%).

Com o crescimento da ocupação no mês, a taxa de desemprego total declinou nas quatro áreas metropolitanas investigadas. Contudo, a tendência da taxa de desemprego total nos últimos 12 meses ainda apresenta diferenças entre as regiões: crescimento no Distrito Federal e na Região Metropolitana de São Paulo, estabilidade na Região Metropolitana de Porto Alegre e diminuição na Região Metropolitana de Salvador.

Gráfico 7.1 – Taxa de desemprego total – Regiões Metropolitanas e Distrito Federal

Julho de 2016, Junho de 2017 e Julho de 2017 – (em % da PEA)

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Fonte: Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED). Convênio Seade–Dieese, MTE/FAT e convênios regionais.

Em junho, o rendimento médio real dos ocupados diminuiu na maior parte das áreas metropolitanas investigadas; somente na Região Metropolitana de São Paulo o rendimento aumentou. O Distrito Federal registrou o rendimento mais elevado entre as regiões pesquisadas (R$3.400). Por outro lado, o menor rendimento foi observado na Região Metropolitana de Salvador (R$1.504). Já a tendência do rendimento médio real nos últimos 12 meses foi de crescimento para a maioria das regiões inqueridas; apenas a Região Metropolitana de Porto Alegre registrou declínio dos rendimentos nessa base de comparação.

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Por sua vez, a massa de rendimentos reais dos ocupados aumentou em duas áreas metropolitanas e diminuiu em outras duas nos últimos 12 meses findos em junho. O destaque positivo coube a Região Metropolitana de Salvador e o negativo a Região Metropolitana de Porto Alegre.

Gráfico 7.2 – Variação percentual anual da massa de rendimentos reais dos ocupados

 Regiões Metropolitanas e Distrito Federal – Junho de 2016 – Junho de 2017 (em %)

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Fonte: Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED). Convênio Seade–Dieese, MTE/FAT e convênios regionais.

2 – O mercado de trabalho formal brasileiro

Conforme o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), o saldo entre trabalhadores admitidos e desligados no acumulado do trimestre entre maio e julho de 2017 totalizou positivo no Brasil; foram quase 80 mil vínculos formais a mais.

Esse crescimento no emprego formalizado foi melhor que o saldo positivo registrado no trimestre imediatamente anterior (32 mil vínculos) e, também, melhor que o resultado observado no mesmo trimestre do ano anterior (-258 mil vínculos). Ademais, os três meses do trimestre em análise registraram, isoladamente, resultados mensais positivos.

Em termos regionais, quase todas as regiões geográficas do Brasil registraram saldos positivos em suas movimentações de trabalhadores no último trimestre; apenas a Região Sul experimentou desempenho negativo (Tabela 7.2). Na Região Sudeste a movimentação de trabalhadores formais foi maior e encerrou o período acumulando um saldo positivo de quase 60 mil vínculos formais a mais.

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Fonte: CAGED – Julho/2017

Setorialmente, no acumulado dos meses entre maio e julho de 2017, três setores observaram saldos positivos em suas movimentações: indústria, serviços e agropecuária (Tabela 7.3). Já a construção civil e o comércio registraram saldos negativos. O destaque positivo coube à agropecuária e o negativo à Construção Civil.

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Fonte: CAGED – Julho/2017

Já em termos da movimentação de vínculos de trabalhadores por faixa de remuneração, constata-se que a redução de vínculos ocorreu nos salários acima de 1,5 salários-mínimos e que o crescimento se concentrou nas faixas salariais abaixo deste patamar (Tabela 7.4). Essas estatísticas sugerem a persistência da histórica rotatividade de trabalhadores que caracteriza estruturalmente o mercado de trabalho brasileiro.

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Fonte: CAGED – Abril/2017. Nota: os valores totais excluem os registros com a informação de remuneração ignorada.

Eduardo Miguel Schneider é economista, técnico licenciado do Dieese; doutorando em Economia do desenvolvimento no PPGE/UFRGS/Bolsista CNPq.

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