Resumo: |
O objetivo desta pesquisa é refletir sobre a organização do trabalho no jornalismo, analisando quando o trabalho é fonte de sofrimento e quando ele é fonte de prazer, a partir da subjetividade dos jornalistas entrevistados. Para tanto, utilizamos a psicodinâmica do trabalho, delineada por Christophe Dejours, como referencial teórico, e entendemos a segurança e a saúde no trabalho como direitos sociais que compõem a cidadania. No estudo do contexto histórico, relacionamos a organização do trabalho e a saúde do trabalhador com a história do jornalismo e suas práticas organizacionais. Fazemos uma pesquisa qualitativa que usa a análise de conteúdo, conforme Bardin. Realizamos 21 entrevistas semiabertas com jornalistas de diferentes gerações, entre 25 e 82 anos de idade, a partir de um roteiro base de 25 perguntas. Os entrevistados dividiram conosco suas memórias e vivências para que analisássemos como se dá a organização do trabalho jornalístico na prática e como são as relações de prazer e sofrimento no trabalho. A escolha dessas pessoas se baseou em uma pesquisa, que considerou o envolvimento profissional, o trabalho por elas realizado, a pluralidade de idades e a experiência em diferentes meios de comunicação jornalísticos. Analisamos o conteúdo do material transcrito a partir de seis categorias temáticas: 1) Direitos trabalhistas, em que analisamos jornada de trabalho, formas de contratação, compensação ou pagamento de horas extras e plantões; 2) Organização do trabalho, em que discutimos a pressão, o ritmo, as relações, as limitações e as rotinas de trabalho; 3) Sofrimento, em que refletimos sobre os sofrimentos, dores e adoecimentos, estresse, assédio moral, álcool e drogas, riscos e violências relacionados ao trabalho; 4) Sentido do trabalho, em que pensamos sobre os sentidos de ser jornalista, a relação trabalho e vida pessoal e o envolvimento com o trabalho; 5) Prazer no trabalho, em que avaliamos o prazer, a satisfação, a criatividade e a autonomia presentes no trabalho do jornalista; 6) Futuro do jornalista, que nos dá pistas para a conclusão deste estudo. Os depoimentos mostram que as pessoas reconhecem situações negativas com a precarização do trabalho, mas ao mesmo tempo declaram o grande envolvimento que têm com a profissão, pois o trabalho dá sentido à vida, e o reconhecimento e o sentido do trabalho podem transformar o sofrimento em prazer. |