No Facebook, Bolsonaro cita Caged e reconhece que economia não vai bem

O presidente Jair Bolsonaro disse, na noite de quinta-feira (27), durante transmissão ao vivo pelo Facebook, que o resultado do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que mostrou a criação de 32 mil empregos com carteira assinada em maio, “não é bom, poderia ser melhor”, mas destacou que, pelo menos, há empregos sendo gerados. “Reconheço que a economia não vai bem”, disse, reforçando a necessidade de aprovação da reforma da Previdência ainda no primeiro semestre – o que seria impossível, uma vez que o primeiro semestre termina neste domingo, 30 de junho, e o voto complementar do relator da reforma, Samuel Moreira (PSDB-SP), na comissão especial da Câmara, só será apresentado na semana que vem (e a proposta da PEC ainda deve ser votada na comissão especial para só depois ir ao plenário da Casa).

Bolsonaro, que está no Japão para o encontro dos países do G-20, citou nominalmente os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e alguns líderes pelo trabalho que estão fazendo para aprovação da reforma.

Apesar de fazer elogios à atuação dos congressistas, Bolsonaro fez também críticas pelo fato de a Medida Provisória que trata da contribuição sindical caducar amanhã. “Eu lamento essa decisão”, disse.

Segundo o presidente, alguns parlamentares fizeram manobras para deixar a medida caducar para favorecer sindicatos. Ele criticou também os sindicalistas e disse que a maior parte deles quer atrapalhar o Brasil. “Sabemos a quem interessa e, partir de amanhã, os sindicatos voltam a receber automático dos trabalhadores”, disse. “Reconheço alguns bons sindicatos, mas uma parte considerável é para atrapalhar o Brasil. Lamento”, completou.

Mesmo depois das críticas, Bolsonaro tentou amenizar o tom e disse que não entraria em detalhes. “Eu quero paz, temos que resolver a Previdência”, declarou.

Militar preso 

Bolsonaro disse, na transmissão, que evitaria falar do caso do militar que integrava a comitiva, preso na Espanha com 39 quilos de cocaína, mas acabou agradecendo o trabalho da polícia espanhola e citou que, na Indonésia, há pena de morte para o crime de tráfico.

“Me associar ao episódio é brincadeira, não vou nem responder”, disse. “Quero agradecer à polícia espanhola que deteve o sujeito e não deteve a tripulação”, completou.

Segundo o presidente, se o militar estivesse em seu avião, aí, sim, seria uma “falha nossa”. “Todos são revistados, inclusive a minha bagagem”, afirmou, ressaltando que ninguém pergunta ou avisa como o presidente terá a bagagem revistada. “E não tem problema, tem que revistar”, afirmou.

O mandatário brasileiro destacou ainda que o sargento já trabalhou para outras comitivas presidenciais. “Lamento por este elemento, porque, pelo que parece, estava há tempo envolvido nisso, porque ninguém numa primeira viagem vai colocar 39 quilos de entorpecente. E vamos investigar. Este elemento integrou escalão semelhante nos dois últimos governos que passaram, e, se Deus quiser, a Polícia Federal, a nossa inteligência da aeronáutica e a polícia espanhola vão chegar naqueles que realmente interessam”, declarou, sugerindo que o crime teria um mandante. Ontem, o presidente em exercício Hamilton Mourão disse que o militar trabalhava como “mula qualificada”.

Citando o caso de um traficante brasileiro que foi condenado à pena de morte na Indonésia, Bolsonaro disse que caso ele vá ao Brasil, ele deve pegar 30 anos de cadeia. “Este elemento, se for para o Brasil, são uns 30 anos de cadeia e, como crime hediondo, vai cumprir uns 20 para poder requerer progressão. […] Não sei se tem prisão perpétua na Espanha. Se fosse na Indonésia, pena de morte, como no passado, que teve um traficante do Brasil preso lá e não teve clemência, não. Dilma e Lula pediram clemência para voltar ao Brasil e não teve colher de chá. Foi executado. Em consequência, a Indonésia é um país 100% seguro. Fez besteira lá, paga”, disse.

Ao lado do presidente, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, afirmou que, na quarta (26), teve sua fala distorcida pela imprensa ao declarar que o militar detido teria tido “falta de sorte”. Segundo Heleno, ele estava dizendo que o episódio era ruim no momento em que a delegação brasileira desembarcava no Japão com objetivos econômicos.

No fim da transmissão, Bolsonaro destacou que muitas famílias são destruídas com esta quantidade de droga e ironizou a suposta declaração distorcida do ministro. “Deu azar, né? Deu azar. Na nossa, deu azar, nas outras, ele viajou à vontade. É bom o pessoal ‘Jair’ se acostumando, porque conosco é assim”, afirmou o presidente.

OCDE

Em sua passagem pelo Japão, onde participa nesta sexta-feira de reunião do G-20, Bolsonaro disse que terá reuniões que podem ajudar o Brasil a ingressar na OCDE. Ele reforçou que já recebeu o apoio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e que “ninguém é contra a entrada do Brasil na OCDE”.

O presidente criticou a postura da imprensa que teria noticiado passeios dele ao chegar no Japão. Segundo ele, apenas seguiu a orientação da equipe para evitar dormir e, assim, se acostumar com o fuso-horário local. “Qualquer coisa eu levo pancada, e vai ser assim até o fim do meu mandato”, disse.

Heleno declarou que o “passeio” de quarta foi muito importante. “Foi bom e foi como propaganda para o Brasil”, declarou.

O presidente comentou ainda que a comitiva jantou em uma churrascaria brasileira no Japão, mas que a carne servida era australiana. “Vamos trabalhar para que a carne brasileira entre no Japão”, disse.

Fonte: Valor Econômico
Texto: Carla Araújo
Data original da publicação: 27/06/2019

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