Investigadores do Instituto de Investigação Social e Econômica da Universidade de Essex concluíram, num estudo apresentado esta segunda-feira, que crianças com um comportamento agressivo na escola, como as que praticam bullying ou têm explosões de raiva, têm mais probabilidade de terem rendimentos superiores quando chegarem à meia-idade.
Esta ideia foi retirada a partir dos dados disponibilizados pelo British Cohort Study, um mega-estudo que tem seguido ao longo da vida cerca de 7.000 pessoas que nasceram em 1970 e que permitem, por exemplo, comparar a avaliação dos seus professores quando tinham dez anos com os seus padrões de vida, neste caso auferidos em 2016 quando tinham 46 anos.
Uma das autoras do estudo, Emilia Del Bono, disse ao Guardian: “descobrimos que aquelas crianças que os professores sentiam que tinham problemas de atenção, de relacionamento com os pares e instabilidade emocional acabavam por ganhar menos no futuro, como esperávamos, mas ficamos surpreendidos por descobrir uma ligação forte entre o comportamento agressivo na escola e ganhos elevados mais tarde na vida”.
A investigadora acrescenta que “é possível que as nossas escolas sejam lugares competitivos e que as crianças se adaptem para vencer essa competição com agressividade, e depois levem isso para o local de trabalho, onde continuam a competir agressivamente pelos empregos mais bem remunerados. Talvez precisemos reconsiderar a disciplina nas escolas e ajudar a canalizar esta característica nas crianças de uma forma mais positiva.”
A especialista não esquece que são necessárias “mais intervenções que apoiem aqueles que têm dificuldade de atenção nas aulas ou com amizades e emoções, para evitar um impacto negativo ao longo da vida no seu potencial de rendimentos”.
O estudo liderado por Del Bono, Ben Etheridge e Paul Garcia associa as observações dos professores acerca da agressividade com um aumento de rendimentos em 2016 de quase 4%. Sendo que estes introduzem um princípio de precaução face às suas conclusões, uma vez que desde o início do estudo houve vários participantes que desistiram dele, o que pode comprometer conclusões mais definitivas. Até porque, lembra Del Bono, “perdemos alguns dos que têm maiores problemas de comportamento”.
De qualquer forma, o estudo vai em sentido idêntico de algumas pesquisas anteriores, nomeadamente a de Nicholas Papageorge, também baseada em estudos longitudinais feitos no Reino Unido e nos Estados Unidos que concluiu que a manifestação de comportamentos de agressão estava associada a um menor nível de escolaridade, mas a rendimentos mais elevados.
Fonte: Esquerda
Data original da publicação: 26/04/2024