Cerca de 62,5 milhões de pessoas estavam dentro da linha de pobreza proposta pelo Banco Mundial, o equivalente a 29,4% da população brasileira, segundo dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Desse montante, 17,9 milhões – ou 8,4% da população – estavam na extrema pobreza. Em ambos os casos, foram os maiores números e os maiores percentuais apurados desde o início da série, em 2012.
Ao mesmo tempo, os dados mostram aumento recorde nestes dois grupos entre 2020 e 2021: enquanto o contingente abaixo da linha de pobreza cresceu 22,7% (ou mais 11,6 milhões de pessoas), o das pessoas na extrema pobreza aumentou 48,2% (ou mais 5,8 milhões).
Índice de Gini tem segundo maior patamar da série histórica
Em 2021, o Índice de Gini aumentou e atingiu o patamar de 2019, o segundo maior da série, indo a 0,544 – o maior foi em 2018 (0,545). Considerando o início da série, em 2012, essa taxa reduziu até 2015 e cresceu até 2018.
Dado os efeitos da distribuição dos programas emergências de transferência de renda por conta da pandemia da Covid-19, o índice havia caído em 2020.
Em termos regionais, em 2021, a região Nordeste possuía o Gini mais elevado (0,556) e a região Sul, o menor (0,462). Entre os estados, o índice foi de 0,424 em Santa Catarina enquanto em Roraima atingiu 0,596, uma diferença de 40,6%.
Proporção de pretos e pardos praticamente dobra ante brancos
Segundo o IBGE, a proporção de pretos e pardos abaixo da linha de pobreza (37,7%) é praticamente o dobro da proporção de brancos (18,6%), enquanto o percentual de jovens de 15 a 29 anos pobres (33,2%) é o triplo dos idosos (10,4%).
Os dados de 2021 mostram ainda que cerca de 62,8% das pessoas que vivem em domicílios chefiados por mulheres sem cônjuge e com filhos menores de 14 anos estavam abaixo da linha de pobreza.
Em 2021, a proporção de crianças menores de 14 anos de idade abaixo da linha de pobreza chegou a 46,2%, o maior percentual da série, iniciada em 2012. Esta proporção tinha caído ao seu menor nível (38,6%) em 2020, mas teve alta recorde.
No recorte regional, Nordeste (48,7%) e Norte (44,9%) tinham as maiores proporções de pessoas pobres na sua população. No Sudeste e também no Centro-Oeste, 20,6% (ou um em cada cinco habitantes) estavam abaixo da linha de pobreza. O menor percentual foi registrado no Sul: 14,2%.
O Banco Mundial adota como linha de pobreza os rendimentos per capita US$ 5,50 PPC, equivalentes a R$ 486 mensais per capita. Já a linha de extrema pobreza é de US$ 1,90 PPC, ou R$ 168 mensais per capita.
Fonte: GGN
Texto: Tatiane Correia
Data original da publicação: 02/12/2022