A inteligência artificial criará uma legião de desempregados?
O assunto esteve entre os mais frequentes do Mobile World Congress, principal feira do setor de tecnologia. E a resposta à pergunta acima é não, segundo um dos principais executivos de uma das maiores empresas desse campo, a IBM.
“Acreditamos que haverá mais criação do que destruição de empregos com a inteligência artificial”, diz Bob Lorder, responsável pela área de negócios digitais da empresa. Só que há um porém: “Nenhuma profissão do mundo não será atingida.”
A ele faz eco Behshad Behzadi, engenheiro do Google Assistant e um dos principais nomes da empresa nesse front. “É uma oportunidade, não um risco”, afirma. Ele acredita que haverá mudanças no mercado de trabalho, mas não é possível antever o que serão os novos empregos. “Antes de existirem os aviões ninguém podia prever que haveria o emprego de comissário de bordo.”
É na caixa de busca do Google, por sinal, que reside uma das faces mais populares da inteligência artificial, tecnologia na qual o processamento computacional reage ao entorno – tentando, por exemplo, antecipar o que a pessoa quer buscar.
“As pessoas digitam: ‘a inteligência artificial vai acabar com meu emprego?’ num campo que é controlado por inteligência artificial”, afirma Marc Lavallee, diretor do Space[X], o laboratório de inovação do jornal “The New York Times”.
“Acho que as pessoas não entendem que cada minuto de sua vida já está influenciado por inteligência artificial”, diz John Carney, vice-presidente sênior da Salesforce.
O conceito em si não é novo. Como lembrou Isabelle Mauro, do Fórum Econômico Mundial, vem dos anos 1950. “Mas só recentemente adquiriu esse ‘buzz’”, diz ela.
Para as empresas, essa primavera da inteligência artificial representa grande investimento, mas também uma enorme oportunidade de agregar valor a seus serviços e produtos.
“A monetização [com a inteligência artificial] vai acontecer, cedo ou tarde”, afirma Wanli Min, cientista-chefe de inteligência de máquina da Alibaba, gigante chinesa do varejo.
Na Alibaba, o conceito vem a reboque das necessidades do negócio, não o contrário. “A diretriz é primeiro ‘business’, depois tecnologia.”
“As tecnologias ainda são muito novas”, diz Angela Shen-Hsieh, diretora da Telefónica responsável pela área de predição do comportamento humano. “Estamos esperando por uma nova geração de tecnologia que vai atacar coisas muito específicas.”
Do ponto de vista do consumidor, o principal problema é estar às cegas em relação ao que a IA está fazendo com ele.
“Você não pode ativar algo de aprendizado de máquina e não saber como a máquina toma decisões”, diz Lorder, da IBM.
Por causa desse risco, vários executivos pedem um olhar mais vigilante de autoridades públicas para o assunto.
“Algum nível de regulação seria apropriado, com normas que evoluam à medida que aprendemos mais sobre a tecnologia”, afirma Mike Sutcliff, presidente da Accenture Digital.
“O mais urgente é educar as pessoas que estão tomando decisões sobre o que significa IA”, diz Behzadi, do Google.
Fonte: Folha de São Paulo
Texto: Roberto Dias
Data original da publicação: 01/03/2018
[…] O impacto da inteligência artificial sobre os empregos é assunto do evento Mobile World Congress, principal feira do setor de tecnologia que reúne executivos de empresas como Google, IBM, Alibaba e Telefónica:Nenhuma profissão será poupada pela inteligência artificial, diz executivo […]