Dezenas de milhares de trabalhadores protestaram na tarde do sábado (18/10), no centro de Londres, sob o lema “O Reino Unido precisa de um aumento de salário”. A passeata, que coincidiu com outras em Glasgow e em Belfast, faz parte de uma onda de protestos por parte dos trabalhadores do setor público, cujo poder aquisitivo está em seu pior momento desde o início da crise econômica mundial em 2008, segundo os sindicatos que organizam a manifestação.
Na semana passada, enfermeiras e enfermeiras-parteiras fizeram greve em protesto contra a decisão do Governo de não aumentar o salário dos funcionários da saúde pública. Técnicos de radiologia e agentes carcerários estão convocados a uma paralisação nesta semana. Mas no sábado, na marcha que passou diante do Parlamento, em Westminster, e terminou no Hyde Park, também havia professores, funcionários de limpeza, policiais, bombeiros, pensionistas e até ativistas contra armamentos nucleares. Todos marcharam juntos contra as consequências do programa de cortes e austeridade aplicado em outubro de 2010 pelo Governo de David Cameron, uma coalizão de conservadores e liberais democratas, com fortes cortes nos ministérios para fazer frente à crise.
Segundo os sindicatos, os salários caíram 50 libras (196 reais) por semana em termos reais desde 2007, e há 5 milhões de pessoas no país ganhando menos que um salario mínimo. De acordo com um estudo da fundação New Economics, no último ano as famílias britânicas sofreram uma queda de 15% em seu poder aquisitivo, e os salários estão sem reajuste com a inflação desde 2008.
“Depois da redução de salários mais longa e profunda de que se tem memória, está na hora de a grande maioria poder aproveitar a recuperação econômica”, disse Frances O’Grady, secretária-geral do sindicato TUC.
Em clima de festa, ao ritmo de tambores, trompetes e vuvuzelas, os manifestantes pediam que “salvem a saúde pública” e exigiam que “os parasitas super-ricos paguem seus impostos”.
O secretário-geral do sindicato Unite, Leon McCluskey, acusou o Governo de “desmantelar e destruir” cada uma das conquistas dos trabalhadores desde 1945. E exigiu da oposição trabalhista uma “clara alternativa socialista”. Um terço dos habitantes de Londres vive na pobreza e dois terços deles têm emprego, escreveu no Twitter o deputado trabalhista Sadiq Khan.
Fonte: El País
Texto: Pablo Guimón
Data original da publicação: 19/10/2014