O mercado de trabalho brasileiro melhorou em 2013, mas a intensidade da melhoria foi menor do que a observada em anos anteriores, disse ontem (27) o diretor-adjunto de Estudos e Políticas Sociais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Carlos Henrique Corseuil. Ele divulgou o Boletim de Mercado de Trabalho (BMT), na sede do instituto, no Rio. “Ainda foi melhor que em 2012, mas o ritmo da melhora caiu um pouquinho”, disse.
Olhando a trajetória ao longo do ano, Corseuil lembrou que o primeiro semestre foi fraco, com piora de vários indicadores. No segundo semestre, entretanto, a trajetória “é bem melhor”, compatível com o que sucedeu em anos anteriores. “A perda de fôlego, sinalizada por uma melhora mais tímida em 2013, é devido ao desempenho do primeiro semestre. No segundo semestre, a gente retoma o ritmo que tinha nos anos anteriores”.
O movimento está ligado ao nível de produção. Indicadores como o Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma dos bens e serviços produzidos no país, e indicadores setoriais mostraram sinais de recuperação ao longo do ano passado. Com isso, o nível de ocupação médio no mercado de trabalho cresceu 0,7% em relação a 2012, o que significou a geração de 159 mil novos postos de trabalho.
Entre as regiões metropolitanas analisadas pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), destaque para Salvador, que teve alta de 3,7% no nível de ocupação, enquanto em Belo Horizonte houve queda de 1,5%. O boletim revela também que, em relação à evolução setorial da população ocupada entre 2012 e 2013, ocorreu aumento de 4,5% no setor da administração pública e redução de 7,8% nos serviços domésticos.
Um dado positivo apresentado pelo boletim é a retração do nível de informalidade. “A informalidade vinha caindo e não reduziu o ritmo de queda, não. Foi uma boa exceção, continuando o padrão de queda que vinha de outros anos”.
De acordo com o Ipea, o número de empregados com carteira de trabalho assinada subiu 1,5% em 2013 ante 2012, o que equivale, em valores absolutos, a cerca de 184 mil novos contratos. No índice de empregados sem carteira houve recuo de 5,6%.
O número de trabalhadores por conta própria cresceu 1,1%. O nível médio de informalidade da população ocupada ficou em 33% no ano passado, com retração de um ponto percentual em comparação a 2012.
Em relação à taxa de desemprego, o primeiro semestre de 2013 mostrou uma trajetória de aumento que preocupou, indicou o diretor-adjunto do Ipea. No segundo semestre, isso se reverteu. “A queda se acentua no final do ano, em função do menor número de pessoas procurando emprego. Isso pressionou para baixo o desemprego”. O índice de desemprego é calculado com base o número de pessoas que manifesta a vontade de trabalhar.
Para o diretor-adjunto, a trajetória de redução do desemprego está condicionada ao comportamento das pessoas que buscam trabalho. “Se as pessoas voltarem a procurar trabalho, o desemprego pode ser pressionado para cima”.
De maneira geral, porém, Corseuil analisou que a taxa de desemprego está baixa. “Abaixo de 5% desde novembro de 2013. E os dados de janeiro confirmam isso (4,8%). A gente está atravessando um momento muito bom em relação a desemprego”.
Na média do ano passado, o rendimento médio real nas seis regiões metropolitanas analisadas na Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE apresentou ganho de 1,9% em comparação à média do ano anterior, ficando em torno de R$ 1.929,03.
Carlos Henrique Corseuil observou que apesar de vir crescendo a uma taxa maior do que essa nos anos anteriores, a expansão registrada é um dado positivo. “Continuar crescendo é uma boa notícia”.
De modo geral, o economista aposta na manutenção do ritmo de evolução do mercado de trabalho em 2014, em especial no segundo semestre. “A única ressalva que eu faço é que, eventualmente, o desemprego pode destoar da tendência de recuperação, devido à questão das pessoas que desistiram de procurar emprego e podem querer voltar a procurar.”
Fonte: Agência Brasil
Texto: Alana Gandra
Data original da publicação: 27/02/2014