O trabalhador brasileiro pagou R$ 459,2 bilhões somente de Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) no primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff. O montante é 70,5% superior aos R$ 269,3 bilhões arrecadados durante a primeira gestão do seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, de 2003 a 2006, já descontada a inflação acumulada do período. Em relação ao segundo mandato de Lula, que recolheu R$ 372,7 bilhões de IRPF entre 2007 e 2010, o avanço no total obtido por Dilma com o tributo foi de 23,2%.
Nessas duas comparações, o imposto de renda cobrado do cidadão pesou muito mais do que o montante geral arrecadado pela Receita Federal (veja quadro). Esse crescimento desproporcional da mordida do Leão no bolso do brasileiro durante os quatro primeiros anos de Dilma ficou acima do aumento da renda percebida entre 2003 e 2014, de 66%, conforme estudo sobre o mercado de trabalho no período elaborado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Os especialistas são unânimes em afirmar que esse aumento expressivo no recolhimento do IRPF nos últimos anos tem como principal razão a insistência do governo em não corrigir a tabela do IR pela inflação. Somente no ano passado, essa postura do governo fez com que a base de contribuintes ganhasse cerca de um milhão de pessoas a mais.
O fato é que o Planalto vem mantendo a correção anual de apenas 4,5% para manter uma fonte segura de receita, sobretudo este ano, quando se tornaram evidentes os desequilíbrios fiscais. Em 2014, o Índice de Preços Amplos ao Consumidor (IPCA) foi bem maior: subiu 6,41%. Apesar de o Congresso Nacional ter aprovado a correção em 6,5%, o que ajudaria a aliviar a carga tributária sobre a renda dos assalariados, Dilma vetou a mudança.
Fonte: Correio Braziliense
Texto: Rosana Hessel
Data original da publicação: 02/02/2015