Mais de 300 funcionários do Hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre, foram demitidos nesta quarta-feira (05/09), após a decisão da instituição de contratar empresas terceirizadas para realizar a nutrição e higienização do local. O Sindisaúde argumenta que a medida foi tomada sem diálogo com o sindicato e já buscou o Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT-4) para articular uma mediação visando a reintegração dos 326 trabalhadores demitidos. Segundo a assessoria de imprensa do hospital, os serviços serão realizados pela Sodexo e pela Manserv.
O Sindisaúde (Sindicato dos Profissionais de Enfermagem, Técnicos, Duchistas, Massagistas e Empregados em Hospitais e Casas de Saúde do Estado do Rio Grande do Sul) afirma que, entre os demitidos, há grávidas, funcionários pré-aposentados, retornando de acidentes de trabalho e integrantes da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA). “São pessoas que deveriam ter estabilidade. É uma demissão em massa, mas o hospital não quebrou, não está falido. O hospital tem recurso público, é filantrópico, não pode simplesmente tomar uma iniciativa dessas”, avalia o presidente da entidade, Arlindo Ritter.
Ele destaca ainda que a higienização e a nutrição são “serviços essenciais” e que necessitam de técnica específica para o controle de infecções. “Hospital não é shopping, e isso vai refletir no atendimento. E é um hospital que tem selo de filantropia, tem isenção de impostos, isso agrava ainda mais o quadro”, acrescenta Ritter.
O Hospital garante que as empresas contratadas teriam “expertise em auxiliar importantes instituições de saúde a oferecer a melhor experiência aos pacientes” e acrescenta que a adoção do novo modelo de gestão “tem por princípio a busca constante pela melhoria dos serviços prestados”. “A Associação Educadora São Carlos (AESC), mantenedora do Hospital Mãe de Deus, prevê a implantação de uma agenda estratégica e de fortalecimento da cultura institucional voltada à qualidade, segurança e eficiência no cuidado do paciente, reforçando seu compromisso com a saúde de forma integral”. Em nota, o Mãe de Deus também menciona que, com a a abertura do Hospital Santa Ana, realizará cerca de 500 novas contratações.
O Sindisaúde, por sua vez, chama atenção para a contradição entre o caráter filantrópico da instituição e a demissão em massa. “Que assistência social é esta onde 326 famílias estão sendo atacadas de forma desumana com essa demissão em massa? Quantos filhos passarão dificuldades com estas demissões, em um momento onde já existem 21 milhões de desempregados ou em subempregos?”, questiona. Além da audiência no TRT, o sindicato também está levando o caso ao Ministério Público e planeja realizar um ato de luta em frente ao Hospital nesta quinta-feira (06/09).
Fonte: Sul21
Texto: Débora Fogliatto
Data original da publicação: 05/09/2018