Convocadas por facções opositoras do sindicalismo argentino, uma greve geral de 24 horas convocada por três centrais paralisou serviços de transporte público – trens, ônibus e metrô – e coleta de lixo desde a meia-noite desta quinta-feira (10/04) nas principais cidades argentinas.
O protesto foi convocado contra “o ajuste, a inflação, a insegurança” e os aumentos em aposentadorias e planos sociais do governo. É a segunda greve geral em cinco anos do governo de Cristina Kirchner.
Os trabalhadores nucleados nas centrais opositoras CGT (Confederação Geral do Trabalho) – Azopardo, CGT – Azul e Branca e CTA (Central de Trabalhadores da Argentina) Nacional cruzaram os braços, mas não convocaram mobilizações. No entanto, sindicatos ligados à esquerda trotskista fecharam os principais acessos a Buenos Aires e convocaram aliados a fecharem ruas e estradas em diferentes pontos do país.
A greve acontece no momento em que vários grêmios negociam as paritárias – acordos salariais coletivos –, superviosionadas pelo Ministério de Trabalho e que podem influenciar a espiral inflacionária na Argentina. As centrais sindicais acusam o governo de estabelecer um teto aos acordos, o que impossibilitaria um aumento superior aos 30% previstos por analistas para a inflação em 2014.
A primeira negociação, feita com professores da província de Buenos Aires – governada pelo kirchnerista Daniel Scioli –, terminou com um acordo de aumento médio de 30%, com variações de até 38% para alguns cargos, depois de 17 dias de greve. As paritárias docentes costumam marcar tendência nas negociações coletivas, que começam em março na Argentina.
Clima de domingo
Em Buenos Aires, muitos comércios optaram por fechar as portas, apesar de o grêmio do setor não ter aderido à greve. O grêmio de trabalhadores de gastronomia aderiu ao protesto, mas vários estabelecimentos do setor funcionavam na manhã de quinta-feira na capital argentina.
A paralisação dos trabalhadores de transportes públicos e de caminhões, agrupados na CGT – Azopardo, do líder caminhoneiro Hugo Moyano, afetou a distribuição de combustíveis, a coleta de lixo e o transporte de valores para agências bancárias. No entanto, os bancos estavam abertos esta manhã e funcionavam, ainda que com pouco movimento. Moyano, que foi aliado dos governos de Néstor e Cristina Kirchner, rompeu com o kirchnerismo em 2011.
Na terça-feira (08/04), a presidente afirmou que “todos têm direito à greve” durante um ato do governo transmitido por cadeia nacional por rádio e televisão. Na manhã desta quinta-feira, o chefe de gabinete da presidência, Jorge Capitanich, acusou as centrais sindicais em greve de querer “sitiar as cidades como na Idade Média” e criticou a paralisação nos transportes.
Já os sindicalistas afirmam que o transporte público não é serviço essencial e se amparam em tratados da OIT (Organização Internacional do Trabalho) para defender o direitos à greve aos trabalhadores do setor.
Fonte: Opera Mundi
Texto: Aline Gatto Boueri
Data original da publicação: 10/04/2014