O governo argentino enfrenta nesta quinta-feira (10/09) uma greve geral que deve afetar transporte publico, saúde, hospitais, escolas, bancos e vários setores da economia. A paralisação foi convocada pela ala da Central Geral de Trabalhadores (CGT), comandada pelo líder do poderoso sindicato dos caminhoneiros, Hugo Moyano (que até 2011 era aliado do governo); pela CGT Azul e Branca e pela Central dos Trabalhadores Argentinos (CTA) opositora, liderada por Pabli Micheli. Agrupações de esquerda também ameaçam realizar mais de quarenta bloqueios nas principais vias de acesso a Buenos Aires.
O chefe de gabinete da Presidência argentina, Jorge Capitanich, criticou na quarta-feira (09/04) a decisão de paralisar todo tipo de transporte. “E impossível medir o apoio a uma greve quando os trabalhadores que querem trabalhar não podem porque não têm como chegar ao seus locais de trabalho: porque não tem ônibus, trens ou metro”, disse Capitanich, em entrevista coletiva.
Na greve geral de 2012 – a primeira desde que os Kirchner chegaram ao poder, em 2003 – as companhias aéreas argentinas cancelaram voos ao Brasil e do Brasil à Argentina. Foi o maior protesto em dez anos e marcou o rompimento de parte do movimento sindical argentino com o governo.
Tradicionalmente, os sindicatos apoiaram os governos peronistas (do Partido Justicialista, fundado na década de 1950 pelo ex-presidente Juan Peron). Moyano foi aliado do ex-presidente Nestor Kirchner (2003-2007) e de sua viúva, a presidenta Cristina Kirchner, até 2011, quando decidiu passar para a oposição.
A greve é contra a inflação que, segundo os economistas do setor privado, deve superar 30% este ano. Desde janeiro, o índice inflacionário oficial (que sempre foi inferior) registrou aumentos mensais de custo de vida superiores a 3%.
A greve ocorre as vésperas do inicio das paritárias: negociações entre sindicatos e empresários por aumentos salariais que, na Argentina, são aprovadas pelo Ministerio do Trabalho. O sindicato dos bancários ja acertou um aumento de 29% e não aderiu a paralisação. Mas outros líderes sindicais exigem aumentos superiores, sem terem que negociar dentro de parâmetros estabelecidos, além de aumentos para os aposentados.
Faltando dois anos para o fim do segundo mandato presidencial de Cristina Kirchner, a oposição já esta se articulando para as eleições de 2015. A greve geral também foi convocada para combater a crescente insegurança na Argentina e contra o narcotráfico – duas das bandeiras defendidas pela maioria dos aspirantes a presidência.
Fonte: Agência Brasil, com alterações
Texto: Monica Yanakiew
Data original da publicação: 09/04/2014