Gestão por humilhação e a ampliação dos casos de assédio no trabalho

Ilustração: Agência Pública

por Laura Glüer

O professor e pesquisador da Faculdade de Educação e do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp, na área de Trabalho, Saúde e Subjetividade, Roberto Heloani, foi o convidado da Conferência Livre Nacional em Saúde Mental e Trabalho, realizada no último dia 25 de setembro, no formato online. Promovida pela Associação Brasileira de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (ABRASTT), a conferência teve como palestra magna, proferida por Heloani, o tema do “Assédio Moral e da Gestão por Humilhação”. 

Para o palestrante, o tema do assédio no trabalho é multifacetado. Não se trata apenas de um problema envolvendo as pessoas assediadas e seus assediadores. Está inserido em um contexto mais amplo do mundo organizacional. “Trabalho e saúde são categorias centrais e indissociáveis do ponto de vista humano. O trabalho pode impulsionar o ser humano, mas também pode adoecer e até matar”, afirmou. Heloani citou também que o Burnout hoje é entendido como doença ocupacional.

O assédio moral, segundo ele, acontece quando se desqualifica as pessoas ou quando a reprimenda é desrespeitosa e hostil, ou ainda quando se estabelecem metas que nunca poderão ser cumpridas. É isso que significaria uma gestão por humilhação. 

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) incluiu também empregados terceirizados e contratados como Pessoa Jurídica, no rol das situações de assédio.  Também houve crescimento do assédio virtual, principalmente após a pandemia, por conta do trabalho remoto ou híbrido. 

Heloani ponderou que não se deve banalizar o termo assédio, pois isso interessa basicamente ao capital. O caminho, na visão do pesquisador, não é somente a condenação dos casos de assédio moral – é preciso facilitar o acesso a meios legítimos de reclamação, com proteção à privacidade e sigilo.

Por fim, comentou que no Brasil o assédio se sofisticou e ampliou, principalmente após a Reforma Trabalhista. E destacou que associações e sindicatos são escudos nesse contexto para proteger os trabalhadores.

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