Após uma pausa no terceiro trimestre, a taxa de desemprego na França retomou sua tendência de baixa no quarto trimestre. Segundo o Instituto Nacional de Estatísticas (Insee na sigla em francês), antes dos 8,1% registrados no final de 2019, o índice mais baixo, de 7,7%, datava do final de 2008.
“É um sucesso decisivo para a França e um sucesso para a política econômica que encampamos há quase três anos”, celebrou o ministro francês da Economia, Bruno Le Maire.
Diante desses dados, o governo se diz confiante para os próximos meses. A ministra francesa do Trabalho, Muriel Pénicaud, afirma que há grandes chances que o país atinja uma taxa de desemprego de 7% até 2022, meta estipulada pelo presidente francês, Emmanuel Macron, como uma promessa para o fim de seu mandato.
Os números podem parecer paradoxais, já que a França registrou um crescimento bastante tímido de sua economia nos últimos dois anos. O PIB do país avançou 1,7% em 2018 e, no ano passado, progrediu apenas 1,2%.
Alguns economistas afirmam que a queda do desemprego sentida em 2019 é a consequência de uma boa performance da economia francesa de 2017, quando o PIB cresceu 2,4%. Segundo os especialistas, o impacto dessa alta teria levado dois anos para ser sentido nas contratações. Além disso, algumas medidas públicas implementadas pelos últimos governos (tanto Macron como François Hollande), com incentivos para a criação de postos de trabalho, teriam contribuído para o contexto atual.
Mais empregos precários e menos risco de processo
No entanto, outros economistas avaliam que a criação de empregos em pleno contexto de crescimento econômico em marcha lenta se deve a uma evolução mais estrutural do mercado de trabalho, formado por um número cada vez maior de empregos precários. “Existe um aumento de vagas para atividades efetuadas durante apenas algumas horas do dia, com fraca produtividade, como pessoas que trabalham com logística, zeladores ou cuidadores de idosos ou doentes”, resume Alexandre Mirlicourtois, diretor de estudos da consultoria Xerfi.
Além disso, durante a gestão de Emmanuel Macron, o governo estabeleceu um teto para as indenizações pagas em casos de processos lançados por empregados contra seus patrões na Justiça do Trabalho. “Isso reduziu as incertezas e fez com que as empresas passassem a contratar mais facilmente”, resume Philippe Waechter, economista-chefe da consultoria Ostrum Asset Management.
Fonte: RFi Brasil
Texto: Silvano Mendes
Data original da publicação: 13/02/2020