Fila para o Bolsa família atinge mais de 2 milhões de brasileiros, aponta Consórcio Nordeste

Fotografia: Jefferson Rudy/Agência Senado

Mais de 2,3 milhões de brasileiros que estão no Cadastro Único (CadÚnico) do Governo Federal ainda não conseguiram ter acesso ao Bolsa Família

Esse é o resultado do último levantamento sobre a fila de espera para o programa, realizado pela Câmara Temática da Assistência Social do Consórcio Nordeste, com registros até junho deste ano. A pesquisa foi divulgada em 26/10 pela coluna Painel, da Folha de São Paulo.

Do total de brasileiros na fila, 844.372 pessoas estão no Nordeste,  247.885 no Norte, 834.564 no Sudeste, 138.503 no Centro-Oeste e 205.941 no Sul.

“Veja que só no Nordeste são 844.372 famílias, não se trata de um número: são milhões de pessoas passando fome. Estamos falando de 2.271.265 famílias no Brasil nesta situação de encaminhar o pedido, ter o direito e não serem atendidas. É o país sonegando o pão de cada dia para mães e suas famílias”, declarou o presidente do Consórcio, o governador do Piauí Wellington Dias (PT-PI)

Para além da falta de vontade política em acatar os pedidos, o Governo Federal ainda cortou o benefício de milhares de beneficiários. 

Entre dezembro de 2020 e fevereiro de 2021, o Consórcio Nordeste constatou que a gestão de Bolsonaro tirou do programa 48.116 beneficiários apenas na região Nordeste. No Norte, foram 13.014 pessoas.

No início do ano, Dias chegou a enviar um ofício ao Ministério da Cidadania cobrando explicações pelos cortes, segundo ele feitos de forma desigual dentro das cinco regiões.

A fome e o novo Bolsa Família

No mês passado, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) apresentou ao Congresso Nacional a MP 1061,  que cria os programas “Auxílio Brasil” e “Alimenta Brasil”. 

O intuito é substituir, respectivamente, o Bolsa Família e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). 

A promessa do governo, sustentada pelos discursos populistas de Bolsonaro, é que o “Auxílio Brasil” tenha investimentos maiores que o Bolsa Família. 

No texto apresentado, porém, não há qualquer informação sobre quantas famílias serão atendidas, quais os valores e como o programa será financiado. Hoje, o Bolsa Família alcança em torno de 14 milhões de brasileiros.

Caso o número de famílias acessando o principal programa social do Brasil diminua, a tendência é um agravamento ainda maior da situação da fome. É o que apontou Tereza Campello, ex-ministra do Desenvolvimento Social no governo Dilma, em entrevista recente ao Brasil de Fato

Em 2014, ainda no governo Dilma Rousseff (PT), o Brasil chegou ao menor patamar de pessoas abaixo da linha da pobreza (4,5% da população), marca que retirou o Brasil dos índices que o colocavam no “Mapa da Fome” das Nações Unidas (ONU).  

Atualmente, em meio à crise agravada pela pandemia da covid-19, quase 60% da população sofre com insegurança alimentar.

Fonte: Brasil de Fato
Data original da publicação: 26/10/2021

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