Feminismos: 60% das mulheres latino-americanas e caribenhas desempenham trabalhos de alto risco

Segundo a CEPAL, a maior parte das mulheres trabalha em empregos mais vulneráveis aos efeitos da pandemia. Alertam que é preciso caminhar para uma “sociedade do cuidado”.

Na 61ª Reunião de Presidentes da Conferência Regional sobre a Mulher da América Latina e do Caribe, organizada pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) e a ONU Mulheres, destacou-se que as mulheres são as mais afetadas pela crise gerada durante a pandemia de coronavírus.

A esse respeito, a Comissão revelou que seis em cada dez mulheres da América Latina e do Caribe trabalham em setores de alto risco neste contexto, tais como manufatura, comércio, trabalho remunerado em residências particulares e turismo.

Raúl García Buchaca, secretário executivo adjunto da Comissão Econômica, explicou que “estamos diante de um paradoxo da recuperação: mesmo quando se observa um aumento de 2,2 pontos percentuais na taxa de participação no mercado de trabalho das mulheres, as projeções para 2021 estimam que apenas os homens retornarão aos níveis pré-crise, enquanto as mulheres apenas atingiriam a participação no mercado de trabalho de 2008 (49,1%). Ainda estaríamos nos níveis de há 13 anos.”

Por isso, o representante da CEPAL alertou que “a sociedade do cuidado deve ser o horizonte de uma recuperação transformadora e sustentável com igualdade de gênero”, pois “é necessária uma mudança urgente no estilo de desenvolvimento para avançar rumo a uma sociedade do cuidado na qual a interdependência entre as pessoas seja reconhecida; entre processos produtivos e reprodução social; e isso coloque a sustentabilidade da vida humana e do planeta no centro”.

Por sua vez, María-Noel Vaeza, Diretora Regional para as Américas e o Caribe da ONU Mulheres, disse que “o impacto da crise continua sendo evidente e também as consequências desproporcionais para mulheres e meninas”.

“Temos a urgência de incorporar a igualdade de gênero, a participação das mulheres, em todos os planos de recuperação, ao longo do processo decisório de soluções integrais para a recuperação da pandemia, e também garantir que sejam implementadas políticas públicas que facilitem o cumprimento dos direitos humanos das mulheres”, disse Vaeza.

A Ministra da ONU Mulheres Mónica Zalaquett afirmou que “testemunhamos a fragilidade das conquistas que tanto custamos para alcançar em termos de igualdade de gênero”, e que “se algo de positivo saiu da pandemia, é que trouxe à luz a relevância das tarefas de cuidado, historicamente invisíveis, como a pedra angular de nossas sociedades”, disse.

Por isso, Zalaquett celebrou o Mapa Federal de Cuidados implantado na Argentina, portal web promovido pelo Ministério da Mulher, Gênero e Diversidade que permite georreferenciar e localizar a oferta de espaços e serviços de atendimento a crianças, idosos e pessoas com deficiência, bem como a Aliança Global para o Cuidado, promovida pelo Governo do México por meio de Inmujeres e ONU Mulheres.

“Somente injetando recursos na economia de cuidado, de modo a dinamizá-la e a garantir sua sustentabilidade, podemos superar os nós estruturais da desigualdade de gênero e caminhar em direção a uma sociedade do cuidado”, destacou Zalaquett.

Fonte: Carta Maior, com Resumen Latinoamericano
Tradução: César Locatelli
Data original da publicação: 06/10/2021

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *