Os sindicatos são o caminho para um padrão decente de vida e bons empregos para americanos negros e críticos para a luta para superar o impacto de séculos de racismo arraigado nos EUA.
Mark Gruenberg
Fonte: Rádio Peão, com People´s World
Tradução: Luciana Cristina Ruy
Data original da publicação: 10/03/2023
Com uma coisa todos concordaram em um painel de importantes oficiais do Departamento de Trabalho dos EUA, sindicalistas e operários negros: os sindicatos são o caminho para um padrão decente de vida e bons empregos para americanos negros e críticos para a luta para superar o impacto de séculos de racismo arraigado nos EUA.
Por outro lado, adicionou uma participante, a Secretária Adjunta do Trabalho, Julie Su, trabalhadores em estados com direito a trabalho – maioria em estados controlados por Republicanos, embora ela não o diga – terminam em último em pagamentos, benefícios e segurança no trabalho.
O departamento convocou o painel em 21 de fevereiro, para marcar o Mês da História Negra e colocar um holofote nos trabalhadores que encaram contínua discriminação, legal e de outras formas, no emprego.
“O caminho mais rápido para a classe média é o trabalho organizado,” disse o Secretário do Trabalho da administração Biden, Marty Walsh, um membro do Trabalhadores Local 223 de Boston, que vai deixar esse emprego no meio de março por um posto sindical como diretor executivo da Associação de Jogadores da Liga Nacional de Hockey. Melhores leis trabalhistas ajudariam.
“Mas nós não temos leis trabalhistas fortes porque não temos pessoas trabalhistas fortes suficientes no Congresso para passar essas leis,” admitiu Walsh.
Há outras formas de fortalecer os sindicatos, Su, que está na corrida para suceder Walsh, apontou. Uma, incluída nas três grandes leis que o Congresso 117º aprovou, é condicionar dólares federais em investir em empregar trabalhadores de comunidades carentes de cor.
“Há 2 trilhões em investimentos em programas de empregos” nessas leis, apontou Su. “Muitos desses estão no Sudeste, ainda lar de metade da população negra da nação, e a seção dos EUA mais hostil a sindicatos – e antinegros.
Os programas de empregos no Ato de Redução da Inflação, no Ato de Recuperação Americana e na lei de infraestrutura todos têm exigências para empregar trabalhadores de cor, oferecendo contratos federais para negócios os empregando, ou ambos, os participantes disseram.
E, adicionou o Secretário-Tesoureiro da AFL-CIO, Fred Redmon, a lei federal devia proibir contratos de empresas “que se engajam em destruição de sindicatos.”
Os Republicanos enfraqueceram a agenda Build Back Better Plan
Um participante trouxe o fato de que a versão original de uma dessas leis, o Build Back Better Plan, incluía a exigência de um pagamento mínimo de $15 por hora para trabalhadores de cuidados infantis e de cuidados de saúde em casa, com fundos para paga-lo. Não dito: a oposição Republicana unida, mais dois importantes senadores Democratas traidores, forçaram essas seções para fora da legislação final. Todos os Republicanos eram brancos, do Sul e estados das Planícies.
Ainda, condicionar dólares federais para servir comunidades carentes, mais a proposta de Redmon para proibir a destruição de sindicatos, seria uma mudança das leis trabalhistas originais dos anos de 1930, incluindo o Ato de Relações Trabalhistas Nacional e o Ato de Padrões Trabalhistas Justos.
Essas duas leis definiram salário mínimo e padrões de pagamento de horas extras, disse Redmon, cuja família, como muitos negros na Grande Depressão, migraram do Sul Profundo para o Lado Sul de Chicago, procurando tanto melhores empregos, quanto escapar da repressão racial.
Mas essas leis citadas anteriormente excluíam trabalhadores que eram esmagadoramente negros – agricultura para homens e cuidados de casa e trabalhos domésticos para mulheres – ou pardos (agricultura). A Secretária-Tesoureira de Empregados de Serviço, April Verrett, também uma nativa do Lado Sul, levantou um problema: você pode organizar tudo o que quiser, e definir condições para os contratos federais que você quiser, mas, uma vez que os chefes odeiam os sindicatos – e executam esse ódio durante movimentos de organização e depois – o progresso vai ser atrofiado.
“Nós não podemos olhar o que acontece no setor privado e celebrar mudanças lá, quando nenhum desses trabalhadores têm um contrato sindical,” ela disse, se referindo a campanha do Trabalhadores do Starbucks Unidos para organizar as lojas da empresa de cafés por toda a nação.
Os trabalhadores do Starbucks, que são na maioria jovens mulheres de cor, ou combinações dessas características, exigiram que o CEO, Howard Schultz, sentasse e negociasse com os membros do sindicato das 280 lojas que se sindicalizaram.
Schultz finalmente concordou e definiu uma pequena janela para negociação. Os trabalhadores postaram seus objetivos publicamente na internet. Então Schultz tinha sua equipe de negociação, liderada por seu advogado destruidor de sindicatos, saindo fora de cada duas sessões com os trabalhadores depois de cinco minutos – e sem nem esperar pelas apresentações dos trabalhadores.
Aí é onde leis federais trabalhistas fortes podem fazer diferença, os participantes disseram. Crystal Barksdale, uma trabalhadora de cuidados de saúde em casa da Carolina do Norte, usou o salário mínimo como exemplo. O Ato de Padrões Trabalhistas Justos exclui trabalhadores de cuidados em casa como ela, um membro do SEIU (Trabalhadores de Serviço Unidos), de sua cobertura, um resíduo do racismo arraigado.
Como resultado, o SEIU ajudou e promoveu a campanha “Lute por $15 e um Sindicato”, entre mal pagos e explorados trabalhadores de cuidados de saúde em casa, trabalhadores de fast-food, professores adjuntos, e outras classes exploradas, muitos na maioria trabalhadores de cor como ela.
“Você não entende a história do país até que você ande nas ruas,” disse Barksdale.
Mark Gruenberg é chefe do escritório de Washington DC do site People’s World. Ele também é editor do serviço de notícias sindicais Press Associates Inc. (PAI).