Estresse, longas jornadas de trabalho e doenças contribuem para mortes de quase 2,8 milhões de trabalhadores todos os anos. Além disso, 374 milhões de pessoas ficam doentes ou feridas por conta de seus empregos, afirmou na quinta-feira (18) a Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Em novo relatório, a agência destaca que nenhum trabalho deve ameaçar o bem-estar, a segurança ou a vida. No documento, a agência identifica diversos riscos de crescente preocupação, que afetam as mulheres mais do que os homens.
Entre estes riscos estão práticas modernas de trabalho, crescimento da população mundial, aumento da conectividade digital e mudança climática, que podem representar perdas de quase 4% da economia global.
Mulheres em risco particular
“O mundo do trabalho mudou, estamos trabalhando de forma diferente, estamos trabalhando mais horas, estamos usando mais tecnologias”, disse Manal Azzi, especialista da OIT em segurança ocupacional. “O relatório mostra que 36% dos trabalhadores estão em jornadas excessivamente longas de trabalho, de mais de 48 horas por semana”.
Azzi destacou que mulheres estão especialmente em risco, à medida que tendem a serem as principais cuidadoras de crianças e idosos.
“Você não só trabalha quando está no escritório, mas também em casa”, disse. “Além disso, há muito trabalho sedentário, e isso também provoca doenças cardiovasculares”.
A maior proporção de mortes relacionadas a trabalho (86%) está relacionada a doenças, de acordo com a OIT. Em torno de 6.500 pessoas morrem diariamente de doenças ocupacionais e cerca de 1 mil morrem em acidentes ocupacionais fatais.
As maiores causas de mortalidade são doenças circulatórias (31%), câncer relacionado ao trabalho (26%) e doenças respiratórias (17%).
“Além do custo econômico, precisamos reconhecer o imensurável sofrimento humano que tais doenças e acidentes causam”, afirmou Azzi. “Estes são os mais trágicos porque são amplamente evitáveis”.
Lançado durante o ano de centenário da OIT e antes do Dia Internacional da Saúde e Segurança no Trabalho, em 28 de abril, o relatório destaca o valor da prevenção para salvar vidas e criar ambientes de trabalho mais saudáveis.
“Considerações sérias também devem ser dadas à recomendação da Comissão Global da OIT sobre o Futuro do Trabalho de que a segurança e a saúde ocupacional devem ser reconhecidas como um princípio e um direito fundamental no trabalho”, afirmou.
Desde 1919, a OIT adotou mais de 40 padrões internacionais de trabalho para promover saúde e segurança ocupacional. Estes padrões dizem respeito a riscos específicos como radiação ionizante, amianto e substâncias químicas causadoras de câncer para atividades de risco, como agricultura, construção e mineração.
Clique aqui para acessar o relatório completo (em inglês).
Fonte: ONU Brasil
Data original da publicação: 18/04/2019