Entre as tramas da indústria da moda: argumentos sobre o trabalho escravo contemporâneo na sociedade de consumo

Autora:Thais Carvalho de Oliveira
Orientadora:Cíntia Rodrigues de Oliveira Medeiros
 Ano:2016
 Tipo:Dissertação de Mestrado
 Instituição:Universidade Federal de Uberlândia. Faculdade de Gestão e Negócios. Programa de Pós-Graduação em Administração
 Repositório:Repositório Institucional da Universidade Federal de Uberlândia
 Resumo:O trabalho escravo no mundo, apesar de sua abolição, ainda existe. Em um novo contexto sócio-histórico, as correntes e senzalas foram deixadas para trás, e, atualmente, os trabalhadores são aliciados, sujeitados a condições degradantes e têm seus direitos cerceados. O trabalho escravo contemporâneo tem emergido como tema de pesquisa nos Estudos Organizacionais desde o início dos anos 2000, chamando atenção para lacunas a serem preenchidas sobre o modo como as organizações, no mundo todo, utilizam essa prática. O trabalho escravo contemporâneo é encontrado nas mais diversas atividades econômicas, desde carvoarias até indústrias têxteis ou mesmo comércios. Nesta dissertação, incorporamos a discussão sobre consumo ao campo dos Estudos Organizacionais, abordando a escravidão moderna, procurando entender o ponto de vista de consumidores sobre a temática, ou seja, pesquisamos as interpretações de consumidores quanto ao trabalho escravo na indústria da moda. Nosso objetivo é analisar a construção argumentativa de consumidores de moda na decisão de aquisição ou não de produtos produzidos por empresas do ramo da moda que foram denunciadas pela utilização de trabalho escravo. Adotamos a indústria da moda como foco de pesquisa porque ela obscurece a reflexão dos consumidores que, ao fazerem suas compras, sentem-se como que entrando em outro mundo: de beleza e fantasia, em busca da sua própria satisfação. Soma-se a isso o fato de a indústria da moda brasileira ser uma das maiores do mundo (ABIT, 2015), existindo no país uma força simbólica muito presente. Realizamos uma pesquisa do tipo qualitativa, utilizando de entrevistas semiestruturadas com 35 consumidores para identificar os seus argumentos de acordo com os critérios definidos por Liakopoulos (2002): dados, proposições, garantias, apoios e refutações. Os dados são as afirmações utilizadas pelos entrevistados de forma categórica, estão claras nas entrevistas. As proposições são o que qualifica e justifica o dado utilizado. As garantias estão relacionadas à natureza dos dados, é o que dá sentido ao dado e apresentam-se de forma implícita na fala dos entrevistados. Os apoios são premissas universais apresentadas com o objetivo de legitimar os argumentos. As refutações, quando presentes, são a contestação do argumento. Como resultados, encontramos consumidores que desenvolveram argumentos de pró-consumo e anticonsumo e que defenderam ideias sobre a responsabilidade de diferentes atores quanto à existência e combate a esta prática. A partir das duas categorias: (1) pró-consumo – consomem, apesar das denúncias e (2) anticonsumo – não consomem, por causa das denúncias, identificamos as seguintes linhas argumentativas: ceticismo, atribuição de culpa e engajamento moral. Ao final, apresentamos a construção argumentativa dos entrevistados e analisamos os resultados obtidos.
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