Palco de resistência contra a reforma administrativa (PEC 32), Brasília reúne cerca de 180 mil servidores públicos federais, ativos e aposentados, que serão impactados pela proposta do governo federal que penaliza os trabalhadores e desmonta os serviços públicos.
De acordo com o presidente da Central Única dos Trabalhadores do Distrito Federal (CUT-DF), Rodrigo Rodrigues, os servidores públicos serão atingidos na sua relação de trabalho com o Estado, mas toda a população será prejudicada. “A reforma administrativa pode significar o fim dos serviços públicos para a população”, observa Rodrigues.
“Teremos um serviço de menor qualidade por diversas razões, uma delas é a possibilidade de entrega da prestação de serviços para terceiros. Educação e saúde podem não ser prestados diretamente à população como é hoje. Outros serviços de atendimento serão precarizados, mas o pior é a possibilidade da contratação de pessoas para o serviço público que não seja através de concurso e sim por indicação política”, destaca o presidente.
Para o dirigente, “isso significa a legalização da corrupção. Esses servidores estarão submetidos a qualquer tipo de mal feitos que o mandatário de plantão quiser fazer”. Ele dá como exemplo a denúncia de “rachadinha” envolvendo a família Bolsonaro, que obriga a devolução de parte do salário dos trabalhadores.
O secretário geral do Sindicato dos Servidores Públicos Federais no DF (Sindsep-DF), Oton Pereira Neves, explica que se a Proposta de Emenda à Constituição for aprovada, os concursos públicos serão praticamente extintos, uma vez que a “PEC permite a terceirização de tudo”. Para ele “é um desmonte sem precedentes. Vamos retroagir ao início do século passado”, enfatiza.
Neves disse que os sindicatos que representam os servidores públicos continuam em mobilização permanente até que a proposta seja arquivada. “As centrais estão empenhadas para derrotar a PEC”.
Para Rodrigues é “muito importante a mobilização de toda a classe trabalhadora e de toda a sociedade pra que a gente não veja a destruição da boa prestação de serviços à população”.
Nesta semana, o relatório da reforma administrativa começou a ser analisado na Comissão Especial da Câmara dos Deputados. Para pressionar os parlamentares a votarem contra o fim dos serviços públicos no Brasil, servidores, entidades sindicais e movimentos populares realizaram atos na cidade.
Fonte: Brasil de Fato
Texto: Roberta Quintino
Data original da publicação: 15/09/2021