De 50 milhões de jovens de 14 a 29 anos no país, 10,1 milhões (20,2%) não completaram a educação básica. Por abandono ou por nunca ter sequer frequentado a escola. Os dados do IBGE, divulgados nesta quarta-feira (15), mostram ainda que a evasão tem predominância de pretos e pardos (classificação usada pelo instituto), que representam 71,7% do total. Além disso, 58,3% são homens e 41,7%, mulheres. Os principais fatores citados são a necessidade de trabalhar (39,1%) e desinteresse (29,2%).
Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, específica para o setor de educação, metade dos homens apontou a necessidade de trabalhar como principal motivo para sair ou nem ir à escola. Um terço alegou falta de interesse. Essa foi a principal razão para 24,1% das mulheres. Elas citaram ainda trabalho, gravidez (23,8% em ambas as situações) e afazeres domésticos (11,5%).
A passagem do ensino fundamental para o médio acentua o abandono escolar, aponta o IBGE. Aos 15 anos, o percentual quase dobra em relação à faixa anterior (14), de 8,1% para 14,1%. E aumenta para 18% aos 19 anos ou mais.
Estímulo à permanência
De acordo com o IBGE, a necessidade de trabalhar foi a principal razão alegada em todas as regiões, subindo para 48,3% no Sul e 43,1% no Centro-Oeste. O desinteresse no estudo foi o segundo motivo, acima de 25%, chegando a 31,5% na região Nordeste.
“Esses dois principais motivos somados alcançam cerca de 70% desses jovens, independentemente da região, e sugerem a necessidade de medidas que incentivem a permanência dos jovens na escola”, observa a analista do IBGE Adriana Beringuy. “A taxa de analfabetismo no país está em queda constante, atingindo quase a universalização do ensino. Mas elevar o nível de escolarização até a conclusão do ensino médio ainda parece ser um desafio”, acrescenta.
De acordo com a Pnad, a taxa de analfabetismo vem se reduzindo. Era de 7,2% em 2016 e passou a 6,6% no ano passado, o equivalente a 11 milhões. Sobe para 7,9% entre as pessoas de 25 anos ou mais, 11,1% na faixa a partir de 40 anos e 18% para quem tem 60 anos ou acima. Entre as regiões, varia de 3,3% (Sudeste e Sul) a 13,9% (Nordeste), mas caiu em todas no período 2016/2019.
Público e privado
A proporção de pessoas de 25 anos ou mais com ensino médio completo cresceu no país. Eram 45% em 2016 e somaram 48,8% em 2019. Apesar disso, mais da metade (51,2%) não concluiu essa fase. São 69,5 milhões de brasileiros. Entre os de cor branca, 57% completaram o ensino médio. A proporção cai para 41,8% entre os pretos e pardos.
No total, segundo a pesquisa, 56,4 milhões frequentaram escola ou creche no ano passado. A maior taxa de escolarização foi na faixa que vai dos 6 aos 14 anos: 99,7%. Cai para 89,2% entre os 15 e 17 anos, para 32,4% no intervalo de 18 a 24 anos e se reduz a 4,5% entre os que têm 25 anos ou mais.
Dos jovens de 15 a 17 anos, 78,8% se dedicam exclusivamente ao estudo. Mas aumentando a faixa para 15 a 29 anos, 22,1% não trabalhavam e nem estudavam, o que se convencionou chamar de “nem-nem”. Esse percentual sobe para 27,5% no caso das mulheres e para 25,3% entre pessoas pretas e pardas.
A rede pública é responsável por 74,7% dos alunos na creche e pré-escola, 82% dos estudantes do ensino fundamental e 87,4% do ensino médio. Por sua vez, a rede privada atende 73,7% dos estudantes de graduação e 74,3% dos alunos de pós-graduação.
Fonte: RBA
Data original da publicação: 15/07/2020