Resumo: |
O presente trabalho busca compreender alguns aspectos da sociabilidade dos trabalhadores da base metalúrgica de Campinas e Região após a consolidação de um complexo de Reestruturação Produtiva na categoria. Trata-se de um parque industrial moderno com predomínio de indústrias transnacionais e onde, ao longo da década de 1990, instalou-se o complexo de reestruturação produtiva responsável pela drástica redução de trabalhadores da categoria e por transformações nas relações de trabalho, caracterizadas pela intensificação das atividades laborais e, como desdobramento disto, pela explosão dos casos de doenças relacionadas aos esforços repetitivos e de natureza psíquica. Essas mudanças aconteceram a despeito do papel exercido pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região, considerado combativo e que não aderiu aos programas e mecanismos de controle da força de trabalho forjados pelo novo modelo de produção. A postura adotada pelos sindicalistas ao longo desse período contrastou com a dos principais sindicatos filiados à Central Única dos Trabalhadores (CUT) desde meados da década de 1980, quando a Oposição Sindical Metalúrgica vence as eleições, interrompendo décadas de uma gestão sindical assistencialista e alinhada às políticas empresariais. Com isso, fez-se necessária a compreensão dos limites apresentados pelo sindicalismo campineiro frente ao complexo de reestruturação produtiva. A investigação mostrou que as cisões no seio do movimento sindical “cutista” enfraqueceram as estratégias de enfrentamento do movimento sindical campineiro frente à reestruturação produtiva e às políticas neoliberais. Com isso, o trabalhador metalúrgico campineiro tornou-se vulnerável às inseguranças trazidas pelo ambiente fabril e que se estendem ao espaço fora do trabalho e, consequentemente, ao risco do adoecimento físico e mental. |