O desemprego nos Estados Unidos atingiu seu nível mais baixo em cinco anos, caindo de 7,3% em outubro para 7% em novembro, segundo dados do Escritório de Estatísticas do Trabalho divulgados na sexta-feira (6).
A criação de 203 mil postos de trabalho surpreendeu positivamente o mercado, que no mês passado esperava entre 180 mil e 185 mil novas vagas, além da redução de um ponto percentual na taxa de desemprego.
Segundo os números revisados do escritório de estatísticas, a criação mensal de vagas alcançou 204 mil em média entre agosto e novembro, uma aceleração em relação aos 159 mil postos de trabalho abertos mensalmente na média de abril a junho.
O ritmo consistente da recuperação do mercado de trabalho americano intensificará as discussões dentro do Federal Reserve (Fed), o banco central americano, sobre reduzir ou não os estímulos monetários à economia.
As decisões do banco estão sendo acompanhadas por economias ao redor do mundo. A próxima reunião do Fed ocorre nos próximos dias 17 e 18.
“O mercado de trabalho americano está longe de totalmente recuperado, mas certamente vai na direção certa”, disse à agência Reuters o analista Eric Stein, gerente de portfólios da corretora Eaton Vance Investment Managers, em Boston.
“Este número põe na mesa uma possibilidade de redução (dos estímulos monetários).”
Recuperação sólida
Diferente de outros meses neste ano, a criação de empregos ocorreu concomitantemente a um aumento da força de trabalho. Setores como manufatura e construção civil foram destaque.
Os números também foram incrementados pelo retorno ao trabalho de funcionários federais que ficaram paralisados durante o fechamento parcial do governo, em outubro.
Por outro lado, a proporção de trabalhadores entre a população civil, em 63%, ainda está abaixo da participação de um ano atrás (63,6% em novembro de 2012).
Quase 11 milhões de americanos continuam desempregados e mais de 4 milhões deles, há mais de 27 semanas (considerados de longo prazo).
Para os oficiais do Fed, a discussão em dezembro será avaliar se este panorama é suficiente para justificar um início de retirada do suporte monetário à economia.
Em setembro de 2012 a autoridade monetária iniciou um programa de compras de títulos que vem injetando US$ 85 bilhões por mês no mercado, com o objetivo de criar liquidez e estimular a economia através da redução do custo do dinheiro (as taxas de juros).
A expectativa é de que, quando seja iniciada, a retirada dos estímulos reduza o patamar de compras gradativamente.
Na quinta-feira, o presidente da unidade regional de Atlanta do Fed, Dennis Lockhart, disse que o tema pode “certamente ser tratado em dezembro”, mas avaliou que para defender uma redução nos estímulos ele ainda precisa estar “bastante confiante” na recuperação econômica.
Sinais divergentes
Além dos números do emprego, o Fed avaliará outros indicadores que foram divulgados na semana passada, em especial o do Produto Interno Bruto (PIB).
Cálculos revisados do Departamento de Comércio americano indicaram que o crescimento anualizado do país no terceiro trimestre de 2013 foi de 3,6%, uma aceleração em relação aos 2,5% do trimestre anterior.
No entanto, muitos analistas creem que o ritmo desacelerará nos últimos três meses de 2013. O principal fator no crescimento do PIB no trimestre anterior foi o aumento dos estoques privados, um processo que tende a se esgotar sem um ritmo de consumo robusto.
Nos números divulgados na quinta-feira, o gasto dos consumidores cresceu a um ritmo de 1,4% no terceiro trimestre de 2013, o mais lento em quatro anos.
Na quarta-feira, no seu chamado “Livro Bege”, o Fed disse acreditar que os EUA tiveram uma expansão econômica “modesta a moderada” entre outubro e meados de novembro.
O Livro Bege é uma compilação de dados produzidos pelas 12 unidades regionais da autoridade monetária, que serve de material para as discussões do comitê de política monetária da instituição.
Fonte: BBC Brasil
Texto: Pablo Uchoa
Data original da publicação: 06/12/2013