A taxa média de desemprego urbano na América Latina e no Caribe deverá continuar sua trajetória de alta em 2016, devido à previsão de um contexto macroeconômico mais deteriorado, advertiram Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) e Organização Internacional do Trabalho (OIT) em relatório divulgado nesta quarta-feira (11).
“O processo de contínua melhora dos indicadores de trabalho que beneficiou a região durante grande parte dos últimos 15 anos foi interrompido em um contexto macroeconômico global mais desfavorável”, afirmaram no documento Alicia Bárcena, secretária-executiva da CEPAL, e José Manuel Salazar, diretor-regional da OIT para América Latina e Caribe.
A previsão de evolução do mercado de trabalho na região em 2016 é de forma geral negativa, diante de um contexto macroeconômico e de crescimento que, em média, mostrará deterioração adicional à de 2015 na região, segundo CEPAL e OIT. De acordo com as projeções, este ano ocorrerá uma nova contração da economia regional, de 0,6%, após baixa de 0,5% no ano passado.
“O enfraquecimento correspondente da geração de emprego e a eventual quarta queda consecutiva da taxa de ocupação afetarão novamente a taxa de desemprego, que poderá aumentar mais de 0,5 ponto percentual”, disseram os organismos da ONU no relatório, prevendo também uma piora na qualidade do emprego, com uma maior geração de postos de trabalho em setores de baixa produtividade.
O desempenho deverá se manter heterogêneo, com um melhor resultado nos países do norte da América Latina e do Caribe, que se beneficiam do crescimento moderado, porém estável, dos Estados Unidos. Em contraste, para muitos países da América do Sul, as perspectivas de crescimento continuam sendo pouco auspiciosas, o que continuará afetando o mercado de trabalho.
Desemprego tem primeiro aumento desde 2009
O relatório indicou que a taxa média de desemprego urbano na região teve no ano passado seu primeiro aumento desde 2009, passando de 6% em 2014 para 6,5%, principalmente como resultado da leve contração de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) regional em 2015.
O número do ano passado foi derrubado pelo desempenho do Brasil, cuja taxa de desemprego nas metrópoles foi de 6,8%, ante 4,8% em 2014. A taxa subiu em sete dos 19 países da região em 2015, enquanto caiu em nove e se manteve praticamente estável em outros três.
Segundo CEPAL e OIT, o aumento do desemprego na região foi produto de um crescimento do número de pessoas buscando emprego na comparação com anos anteriores, além de uma frágil geração de trabalho assalariado, como resultado do baixo dinamismo da atividade econômica.
Além disso, registrou-se uma deterioração da qualidade do emprego regionalmente, já que, em vista da falta de postos de trabalho assalariados, aumentou o trabalho por conta própria, geralmente de menor qualidade.
Fonte: ONU Brasil
Data original da publicação: 11/05/2016