Resumo: |
O presente trabalho foi estimulado pela importância das discussões sobre o mercado de trabalho e suas transformações nas últimas décadas, principalmente a década de 1990. O objetivo principal foi analisar se houve uma convergência do processo de flexibilização das relações de trabalho no Brasil e na China, na última década do século XX. Os pressupostos do estudo consideram que a implementação da flexibilização das relações de trabalho em diversos países promoveu transformações significativas no mercado de trabalho, principalmente nos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento e particularmente na década de 1990. Os dados primários e secundários deste trabalho e os elementos analíticos permitem avaliar o mercado de trabalho do Brasil e da China, apesar das expressivas diferenças que possuem. Estes dois países adotaram a flexibilização do trabalho e tiveram resultados semelhantes sobre os contratos, o uso e a remuneração da força de trabalho, tais como: o aumento expressivo da informalidade e dos trabalhos temporários e part-time, enfraquecimento dos sindicatos, aumento da heterogeneidade e da rotatividade dos trabalhadores. Além disso, esses dois países passaram a intensificar o uso de medidas com o intuito de modular a jornada da força de trabalho, através do banco de horas, atividades simultâneas e diversas, além de outras medidas cujas consequências geraram uma intensificação da precarização do trabalho. Promoveu-se também, nos dois países, uma ampliação da diferença entre o crescimento do salário e a evolução da produtividade do trabalho, mais uma característica de uma década marcada pela perda de direitos e conquistas dos trabalhadores. A análise comparada entre Brasil e China indica que houve uma convergência da flexibilização do trabalho nestes dois países na década de 1990. Contudo, as diferenças históricas e a disponibilidade de dados impedem que outros elementos que indicam a flexibilidade do trabalho sejam comparados, o que dificulta uma análise mais sistemática entre os dois países. |