Resumo: |
Para inúmeros analistas do movimento sindical, a Central Única dos Trabalhadores teria alterado sua postura ao longo dos anos: de uma prática classista, confrontacionista e de uma perspectiva socialista a um sindicalismo conciliatório, cidadão, calcado numa perspectiva social-democrata e reformista. Este trabalho filia-se à interpretação destes autores, procurando demonstrar, através da análise das resoluções dos Congressos Nacionais da CUT, que essas alterações trazem como background uma reorientação teórica, culminando numa postura ideológica que se reflete diretamente nas práticas sindicais. A análise se inicia pela retomada de clássicos do pensamento marxista que discutiram o movimento dos trabalhadores em suas épocas, destacando a importância da atividade sindical. Busca, neste mesmo referencial, o método justo para forjar um entendimento histórico-ontológico. Alcança as particularidades do objeto passando em sumária revista a história do “Novo Sindicalismo” e as abordagens de alguns eminentes estudiosos brasileiros. Por fim, procura demonstrar como a (aqui denominada) curvatura da Central se materializa nas resoluções de seus Congressos Nacionais, explicitando concepções teóricas e ideológicas que subsidiam as análises e planos de ação cutistas. A substituição dos referenciais socialistas pelos democráticos, assim como uma reorientação na compreensão estratégica do Estado, culmina numa nova postura ideológica que implica na valorização dos consensos, na alteridade, na assimilação de mediações do capital, reconvertendo os próprios objetivos finais. Definitivamente, está aberta a possibilidade de questionamento da contribuição do sindicalismo cutista para o avanço (ou retrocesso) da consciência de classe. |