Conflitos trabalhistas nas obras do PAC: o caso das Usinas Hidrelétricas de Jirau, Santo Antônio e Belo Monte

Autor:Cauê Vieira Campos
Orientadora:Andreia Galvão
Ano:2016
Tipo:Dissertação de Mestrado
Instituição:Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas
Repositório:Repositório da Produção Científica e Intelectual da Unicamp
Resumo:A partir do segundo mandato de Lula, aplica-se no Brasil o Programa de Aceleração do Crescimento, o qual criou em todo o país diversos grandes projetos da construção civil. Dentre as principais estavam as construções das UHE de Jirau, Santo Antônio em Rondônia e Belo Monte no Pará. Estas obras foram marcadas por greves dos operários que a realizavam, principalmente nos anos de 2011 e 2012, e estas se caracterizaram por acontecerem por fora do sindicato oficial, de forma espontânea, e por recorrem a um reportório violento, com destruição e incêndio de máquinas e estruturas dos canteiros de obras. Assim, ao longo desta pesquisa tivemos por objetivo entender como estes processos aconteceram e o que motivou os trabalhadores a se mobilizarem da forma como fizeram. Para isso, recorremos a um esforço de aproximação de instrumentos teóricos fornecidos pela Teoria do Processo Político, de Sidney Tarrow, e a produção marxista “clássica”, com o intento de compreender estes eventos tão impares. Para isso, buscamos traçar o perfil do trabalhador destas obras, que chamamos de “peões-de-trecho”, e as condições que influenciam no processo de decisão sobre a deflagração da greve, debatemos o regime de trabalho a qual são submetidos, e o cenário econômico e o sindical enfrentados por eles ao se mobilizarem. Além disso, realizamos um debate acerca da influência da estrutura sindical brasileira sobre estes operários, a qual entendemos como um “sindicalismo de Estado”. A partir disso, discutimos o repertório que é adotado por estes trabalhadores, as causas e consequências de se utilizarem de táticas violentas. E por fim, podemos perceber que devido ao cenário econômico aberto pelo PAC com diversas obras pelo país e a manutenção das condições de trabalho, salário e vida nos canteiros de obras, não restaram alternativas aos trabalhadores do que a mobilização. Contudo, devido a estrutura sindical e a presença de sindicatos completamente afastados dos trabalhadores, estes foram obrigados a se organizarem completamente a revelia da direção sindical oficial, o que, aliado a ausência de indivíduos com experiências anteriores em movimentos, os levaram a adotarem um repertório espontâneo, e algumas vezes recorrem a violência. Percebemos também, que estes operários alcançaram um saldo econômico satisfatório, contudo, no campo organizativo-político ainda não se percebe uma transformação fundamental. Mas o próprio ato de fazer greves sobre essas condições já é uma grande vitória.
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