Como deve ser um ambiente de trabalho, segundo a ciência

Desde que o Google apareceu com seu estilo de escritório aberto e descontraído, executivos, acadêmicos e interessados no geral debatem o modelo ideal para dispor seus funcionários no ambiente de trabalho.

O chamado “open-office” do gigante da internet (literalmente, escritório aberto), largamente adotado pelos seus colegas do Vale do Silício, na Califórnia, despertou uma reação de amor e ódio.

Seus defensores alegam que esses espaços, no qual funcionários dividem grandes mesas e não há divisórias entre cada ambiente, promovem a transparência da empresa e a interação entre as pessoas. Para os executivos, ainda, é uma forma de economizar recursos otimizando o uso do escritório. Já críticos dizem que tais configurações tiram a privacidade e a concentração – elementos valiosos para o desempenho de uma função.

Apesar dos descontentamentos, o estilo virou moda: em 2014, foi constatado que 70% dos escritórios nos Estados Unidos tinham uma baia baixa ou nenhuma divisória entre as mesas, segundo a International Facility Management Association, organização internacional de administração de empresas.

Um estudo recente publicado na “Harvard Business School” reforçou as qualidades do “open-office” ao constatar as boas influências que um funcionário pode ter sobre o outro sentado ao seu lado.

A pesquisa acompanhou durante dois anos a disposição no ambiente de trabalho de 2.000 funcionários numa empresa de tecnologia, cujo nome não foi revelado. Os pesquisadores mediram a produtividade de cada um, analisando o tempo que levavam para cumprir tarefas e a qualidade dos resultados, de acordo com cada tipo de disposição – sentando próximos, separados, misturando áreas etc.

De acordo com o estudo, pessoas mais produtivas tendem a apresentar mais resultados, porém de menor qualidade. Já pessoas menos produtivas, que gastam mais tempo numa tarefa, entregam menos resultados, porém de maior qualidade. Justapor esses dois tipos de pessoas fazem com que essas características sejam passadas de uma para outra.

Pioneiro no formato, o Google chegou recentemente a uma conclusão semelhante. Após anos pesquisando o modelo ideal de se montar uma equipe de trabalho, a empresa concluiu que o tipo de interação entre as pessoas é mais importante que seus talentos e estilos individuais.

De onde vem essa ideia

Os revolucionários no formato, como Steve Jobs, Sergey Brin e Larry Page, foram em grande parte influenciados pelas teorias de dois psicólogos, Leon Festinger e Stanley Schachter, e pelo sociólogo Kurt Back.

Esses pensadores dedicaram suas carreiras a investigar as origens da amizade. Basicamente, por que algumas pessoas cultivam amigos mais facilmente do que outras.

Contrariando Freud, para quem a propensão em fazer amigos tem origem na infância, eles acreditavam que tudo dependia, de fato, do espaço. Ou seja, não necessariamente pessoas com atitudes semelhantes tornam-se amigos, mas pessoas que têm certa convivência e, com o tempo, acabam reproduzindo comportamentos uns dos outros.

Foi com isso em mente que Steve Jobs reconstruiu o escritório da Pixar no final dos anos 1990, misturando animadores, cientistas da computação, executivos e editores – antes separados em prédios diferentes.

Fonte: Nexo Jornal
Texto: Beatriz Montesanti
Data original da publicação: 07/08/2016

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