O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou na sexta-feira (27) o último balanço de dados sobre o desemprego no país em 2019. A taxa de desocupação ficou em 11,2% no trimestre encerrado em novembro, atingindo 11,9 milhões de pessoas. A queda em relação ao trimestre encerrado em agosto foi de 0,7 ponto percentual.
O resultado confirma a sazonalidade esperada para essa época do ano, segundo a analista da pesquisa do IBGE, Adriana Beringuy, que ressalta as vagas temporárias geradas no comércio. “Ficamos dois anos, em 2015 e 2016, sem ter a sazonalidade, já que não havia geração de postos suficiente para atender à demanda por trabalho. Agora, o comércio mostra movimento positivo no trimestre fechado em novembro, o que achamos que está relacionado às datas comemorativas como Black Friday e a antecipação de compras de final de ano”, explica.
Em relação ao trimestre anterior, foram cerca de 785 mil pessoas ocupadas a mais no mercado de trabalho, das quais 338 mil estão no setor de comércio e 204 mil no setor de alojamento e alimentação.
Ainda segundo o IBGE, os desalentados no Brasil somam 4,656 milhões – número estável na comparação com o trimestre anterior. Esse grupo corresponde a 4,2% da mão de obra do país e é composto por aqueles que desistiram de procurar vagas, pois não acreditam que vão encontrar emprego.
Trabalho precário
Apesar desse crescimento, também houve aumento no número de trabalhadores por conta própria: mais 303 mil pessoas se juntaram ao contingente de 24,6 milhões de pessoas nessa posição. Com isso, a população ocupada informal atingiu 38,8 milhões de pessoas.
Os números da informalidade estão em alta desde o golpe contra Dilma Rousseff (PT), em 2016, quando o Brasil passou a aprovar uma série de medidas que fragilizam os direitos trabalhistas e estabelecem novas modalidades contratuais.
Além da reforma trabalhista e da terceirização irrestrita, aprovadas por Michel Temer (MDB), o presidente Jair Bolsonaro apostou todas as fichas na reforma da Previdência, com a promessa de arrecadar R$ 1 trilhão em dez anos e aquecer a economia.
Na avaliação do economista Márcio Pochmann, a proposta não dará resultados, porque essa arrecadação – se, de fato, chegar a R$ 1 trilhão –, será retirado da renda dos trabalhadores, constituída em boa parte pelos benefícios da aposentadoria.
Com a renda reduzida, o poder de compra e consumo da população é comprometido, impactando a movimentação da economia e seu crescimento. “Considerando que hoje temos um quadro de amplo desemprego e de ocupações com salários muitos baixos, podemos concluir que a renda das famílias, que é praticamente 2/3 do PIB nacional, principal componente de dinamismo da economia, será mais frágil do que se encontra”, finaliza Pochmann, em entrevista ao Brasil de Fato.
Fonte: Brasil de Fato
Data original da publicação: 27/12/2019