Segundo o China Labour Bulletin, houve alguns sinais de “estabilização” na economia chinesa no primeiro semestre de 2016, mas, apesar disso, o número de conflitos laborais aumentou.
De acordo com os números da CLB (naturalmente, muitos inferiores à realidade), no primeiro semestre de 2016 houve 1.454 protestos, enquanto em igual período de 2015 houve 1.224. Comparando o número de conflitos laborais no primeiro semestre de 2016 com os registados em igual período de 2015, verifica-se que houve um aumento de 18,6%.
Salários em atraso, encerramento de empresas e falta de descontos para a segurança social foram os principais motivos dos protestos laborais.
Greves e protesto laborais por setor na China
40% dos conflitos foram no setor da construção. O CLB alerta que há uma distorção sazonal, no que se refere aos conflitos neste setor, em que os protestos por salários em atraso são sempre mais elevados nas férias do Ano Novo Lunar.
A ONG considera que, por setor, é mais significativo o aumento de protesto no setor dos transportes de 127, nos primeiros seis meses de 2015, para 205 em igual período de 2016. O aumento dos protestos neste setor dever-se-ão às lutas dos taxistas, que representaram 85% dos conflitos no setor, devido ao aumento da concorrência, provocado pelo aumento dos serviços de transporte a partir de aplicações na internet.
O número de greves no setor mineiro quase duplicou em relação ao período homólogo do ano anterior – de 41 para 74, no primeiro semestre de 2016. O aumento da conflitualidade reflete, segundo a ONG, a redução do setor, em que se prevê a perda de um milhão de postos de trabalho nos próximos anos.
O número de greves na indústria transformadora baixou ligeiramente de 363, nos primeiros seis meses de 2015, para 356 em igual período de 2016. 55% destes protestos ocorreram nas províncias costeiras de Guangdong, Zhejiang, Jiangsu e Shandong. Segundo a CLB, isso reflete a maior redução da produção na zona de maior crescimento económico da China.
A ONG assinala também que os protestos não aumentaram, como se previa, na zona nordeste da China (províncias de Liaoning, Jilin e Heilongjiang), onde predomina as empresas da grande indústria estatal.
A CLB prevê um aumento de conflitualidade nos setores dos serviços e do comércio de retalho, uma vez que nestes setores há muitos trabalhadores sem contrato de trabalho ou segurança social, neles predominam horários excessivos e bruscas mudanças de condições de trabalho e salariais. A ONG exemplifica com recentes lutas de trabalhadores e trabalhadoras da Walmart, da Neutrogena e da China Unicom. (ver notícia no CLB, em inglês)
Fonte: EsquerdaNet
Data original da publicação: 05/08/2016