Estudo recente de universidade brasileira mostra que automatização, robotização e uso da inteligência artificial podem eliminar cerca 54% dos postos de trabalho brasileiros, nos próximos anos.
Rodrigo Trindade
Fonte: Revisão Trabalhista
Data original da publicação: 01/02/2019
Começou na ficção científica, aos poucos foi chegando nos jardins dos vizinhos e, agora, acerca-se ao seu. Recente pesquisa conduzida pelo Laboratório de Aprendizado de Máquina em Finanças e Organizações (LAMFO) da Universidade de Brasília concluiu que robôs e programas de computador poderão, até 2026, assumir 54% dos postos de trabalho com carteira assinada.
Segundo o levantamento, publicado previamente no UOL e na Folha de São Paulo, já existe tecnologia disponível para fechamento de quase 30 milhões de trabalhos formais. O estudo leva em consideração que, das 2.602 ocupações formais brasileiras, 57,37% (cerca de 25 milhões de pessoas) enquadram-se como serviços com possibilidades de automação muito alta (mais de 80%), ou alta (entre 60% e 80%).
São diversas as profissões ameaçadas, e que vão das altamente intelectualizadas, como engenheiros químicos (96%) e leiloeiros (93,87%), até aquelas que exigem pequena formação educacional, como torradores de café (99,52%) e carregadores de armazém (77%).
Embora o estudo limite-se ao Brasil, os riscos são parecidos com os de outros países. Na Argentina, a probabilidade de substituição da ocupação humana por automação é de 65%, enquanto que nos EUA e União Europeia, está em 47% e 59%, respectivamente.
Outro mundo
O estudo brasileiro não garante que haverá a efetiva substituição, mas depende de diversos fatores, especialmente porque a automação costuma ter custos bastante elevados. Elementos de negociação com organizações de trabalhadores também devem ser essenciais, e alguns setores econômicos já firmaram acertos para não implementar máquinas e softwares substitutivos de imediato. Assim vem ocorrendo em postos de combustíveis, redes de lanchonete e nos Correios, por exemplo.
Em relatório produzido no Fórum Econômico Mundial, a previsão global é de que robôs devem ocupar 75 milhões de empregos até 2022, passando das atuas 29% de tarefas profissionais para 52%. Também traz a perspectiva de elevação da produtividade, criação de profissões ainda inexistentes e tendência de investimentos crescentes em formação profissional.
Segundo o documento, os avanços tecnológicos poderão liberar trabalhadores para outras tarefas, mas não é possível afirmar que haja qualquer garantia de permanência no emprego.
Diversos estudos vêm sendo conduzidos sobre o tema nos últimos anos e ainda não há conclusão se a aplicação generalizada de inteligência artificial poderá destruir ou criar mais empregos. Ao final, tudo dependerá de como o processo será politicamente conduzido. Talvez justamente aí estejam os maiores temores.
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