O êxodo rural continua tirando cada vez mais pessoas do campo para as cidades do Brasil. É o que mostra a pesquisa “O marcado de trabalho assalariado rural do brasileiro” feita pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) e publicada na semana passada.
Segundo o documento, a população ocupada no meio rural caiu de 18 milhões em 2004 para 13 milhões em 2013. Entre outros pontos, ela também mostra que na década de 1960, 63,8% da população brasileira vivia no campo contra 36,2% nas cidades. Meio século depois, 85% dos brasileiros vivem em áreas urbanas contra 15% na zona rural.
Para o responsável pela pesquisa Junior Cesar Dias, essa forte migração mostra que o campo ainda é pouco atrativo para a população, que busca oportunidades melhores de emprego e acesso aos serviços públicos nas cidades.
“É muito difícil ter uma escola ou mesmo um posto de saúde na zona rural. Isso faz com que as pessoas vão para a cidade por conta desse acesso. Existe também um processo de mecanização do trabalho no campo que acaba diminuindo os postos”, explica.
Ele ainda chama a atenção para a baixa qualidade dos postos de trabalho no campo. Dos mais de quatro milhões de empregados rurais no Brasil, mais da metade (2,4 milhões) não tem carteira assinada. Dias ainda reforça que é preciso melhorar a remuneração desses empregos e combater a precarização no campo.
Para reverter essa tendência, ele argumenta que novas oportunidades terão que ser criadas no campo e que medidas como a reforma agrária e o fortalecimento do incentivo ao agricultor familiar tem de ser prioridade do governo.
“Esse processo todo tem diminuído muito o acesso a terra e aumentado consideravelmente a concentração. Para que essa migração diminua, tem de haver também o fortalecimento da agricultura familiar no país”, finaliza.
Fonte: Brasil de Fato
Texto: Bruno Pavan
Data original da publicação: 05/11/2014