A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) lançou na quinta-feira (28) o Anuário Estatístico da América Latina e do Caribe 2018, disponível em seu site, no qual apresenta um panorama sobre o desenvolvimento sociodemográfico, econômico e ambiental dos países da região.
A publicação anual foi divulgada durante a 18ª reunião do Comitê Executivo da Conferência Estatística das Américas (CEA) da CEPAL, que ocorreu na semana passada na sede do organismo regional das Nações Unidas em Santiago, no Chile.
O “Anuário Estatístico”, um dos mais importantes do organismo regional, constitui uma referência para quem deseja contar com dados estatísticos descritivos comparáveis entre países e no tempo. A atual edição contém informação que estava disponível até meados de dezembro de 2018.
O documento é publicado na versão impressa e eletrônica, que têm algumas diferenças. Na primeira, se inclui uma seleção de quadros e gráficos orientados a dar um resumo da informação estatística de uma perspectiva regional.
A versão eletrônica, no entanto, inclui um maior número de quadros que dão informação mais detalhada e sobre um período histórico muito mais amplo. Essa informação faz parte do conjunto de estatísticas disponíveis na CEPALSTAT, a plataforma que dá acesso a toda informação estatística atualizada dos países da região coletada, sistematizada e publicada pela CEPAL.
O Anuário Estatístico 2018 é organizado em quatro capítulos. No primeiro, são apresentados aspectos demográficos e sociais que incluem indicadores de população, trabalho, educação, saúde, moradia e serviços básicos, pobreza e distribuição de renda e gênero.
Segundo esses dados, a população da América Latina e do Caribe atingiu pouco mais de 652 milhões de habitantes em 2018, com 80% vivendo em áreas urbanas e uma esperança de vida ao nascer de quase 76 anos.
Apesar de em 2017 as taxas de alfabetização para a região superarem 98% para os jovens entre 15 e 24 anos e as taxas de matrícula em educação secundária alcançarem praticamente 77%, persistem importantes brechas na assistência escolar entre os quintis de renda e entre áreas urbanas e rurais.
No âmbito das desigualdades de gênero, a falta de autonomia econômica das mulheres se evidencia no fato de que 28,1% das mulheres de 15 anos ou mais não conta com renda própria, frente a 13,2% dos homens em situação similar.
Quanto às condições de moradia e serviços básicos, 95% da população da América Latina dispõe de luz elétrica, 86% têm acesso à água por tubulação, enquanto apenas 65% dispõe de um sistema de esgoto.
O segundo capítulo apresenta informação econômica sobre contas nacionais, balanço de pagamentos, comércio exterior e índices de preços, entre outros.
O Anuário mostra que em 2017, o PIB médio anual regional por habitante a preços correntes de mercado foi de 8.858 dólares, com valores similares entre América Latina e Caribe. Por sua vez, o balanço de conta corrente teve um saldo negativo de pouco mais de 88,3 bilhões de dólares (1,6% do PIB regional).
Em 2017, as exportações entre países da região na comparação com as exportações totais alcançaram 15,7%, enquanto as importações entre países da região na comparação com as importações totais foram de 15,1%. Por sua vez, o índice de relação de preços de troca na região (com base em 2010), teve um aumento de 7,33% em 2017 para América Latina e o Caribe em relação ao nível de 2016.
O terceiro capítulo fornece estatísticas e indicadores ambientais da região. Destacam métricas sobre condições físicas, cobertura terrestre, ecossistemas, biodiversidade, qualidade ambiental, terra, recursos energéticos, hídricos e biológicos, emissões de poluentes no ar, eventos naturais e extremos, assentamentos humanos, regulação e governança ambiental.
A informação disponível mostra que a superfície de glaciares e neves permanentes andinos diminuiu fortemente nos últimos 20 anos, perdendo-se 1.700 hectares entre 1995 e 2005, o que evidencia um retrocesso de glaciares ou seu desaparecimento em alguns casos. Esse retrocesso colocar em perigo uma das principais reservas estratégicas de água doce da região, desencadeando riscos para a agricultura, a indústria e o acesso à água potável da população.
Entre 2008 e 2017, ocorreram um total de 462 desastres de dimensões importantes na América Latina e no Caribe. Entre 2013 e 2017, os desastres causaram a morte de mais de 5 mil pessoas e afetaram 10% da população total da região, ou seja, mais de 64 milhões de pessoas – cifra equivalente a toda a população da Colômbia e do Equador reunidas -, ficaram feridas ou perderam a moradia. Apesar de a maioria das mortes terem sido ocasionadas por desastres geofísicos como terremotos e maremotos, as secas, inundações e tormentas são os desastres que deixaram mais pessoas afetadas (93% do total).
Por último, o Anuário dedica um capítulo adicional – disponível em sua versão eletrônica -, onde são explicados de forma detalhada os aspectos metodológicos das estatísticas apresentadas, assim como as referências às fontes dos dados, incluindo ambos em sua versão eletrônica.
Dado que a maior parte da informação provêm dos escritórios nacionais de estatística, bancos centrais, organismos internacionais e outras instituições oficiais, a CEPAL convida os usuários a prestar atenção nas fontes e notas técnicas apresentadas no trabalho. Os dados são obtidos a partir de metodologias e padrões internacionais com o objetivo de assegurar a maior comparabilidade possível entre os países, pelo que essas cifras podem não coincidir necessariamente com os dados nacionais.
Clique aqui para acessar a publicação (em espanhol).
Fonte: ONU Brasil
Data original da publicação: 01/04/2019