O declínio das importações da União Europeia para o Reino Unido, no caso de um “Brexit duro” (“hard Brexit” em tradução livre), ou seja, sem acordo, ameaçaria mais de 600 mil empregos em todo o mundo. Os dados foram publicados em um estudo alemão divulgado na segunda-feira (11/02).
Segundo cálculos dos pesquisadores do IWH Institute, com base no pressuposto de um declínio de 25% na demanda no Reino Unido por produtos europeus, 103.000 vagas estariam ameaçadas na Alemanha e 50.000 na França.
No entanto, para os empregos em questão, “as demissões são apenas uma opção” e as empresas poderiam “tentar manter os funcionários”, recorrendo ao desemprego parcial ou encontrando novos mercados, observam os economistas.
À espera de sua saída da União Europeia em 29 de março, o Reino Unido se encontra no limbo quanto à forma que este divórcio terá, uma vez que os deputados britânicos rejeitaram em 15 de janeiro o acordo negociado pela primeira-ministra Theresa May com Bruxelas.
Uma saída desordenada do Reino Unido da União Europeia, que resultaria na introdução de taxas alfandegárias, “afetaria as cadeias internacionais de produção”, explica Oliver Holtemöller, co-autor do estudo.
No total, quase 179.000 postos de trabalho na União Europeia seriam diretamente afetados pela queda nas exportações, enquanto outros 433.000 empregos estão indiretamente ameaçados, tanto na UE como em países terceiros.
Empregos ameaçados na China
Assim, cerca de 59.000 empregos estão indiretamente ameaçados na China, em empresas que fornecem para companhias europeias que, por sua vez, exportam para o Reino Unido. O único impacto indireto nas empresas que exportam para a UE bens reimportados no país é de 12.000 empregos. Um estudo publicado em janeiro de 2018 pelo escritório Cambridge Econometrics estimou que um total de 500.000 empregos no Reino Unido estão ameaçados por um “Brexit duro”.
Na Alemanha, a indústria automotiva, pilar da economia de exportação, seria particularmente afetada, com perda de 15.000 postos de trabalho. Na França, o setor de serviços empresariais sentiria o maior impacto de um “Brexit duro”, de acordo com os números da IWH.
Fonte: RFI
Data original da publicação: 11/02/2019