Black Friday com greves e protestos na Amazon

Esta sexta-feira é o dia escolhido para as lojas anunciarem descontos sobre alguns produtos à venda. E também no caso da Amazon, a “Black Friday” é um dos dias do ano com maior procura. Por isso foi o dia escolhido para a campanha global “Make Amazon Pay” avançar com protestos e greves em 35 países nos armazéns da multinacional detida pelo bilionário Jeff Bezos.

Além dos locais de trabalho, o protesto foi até à porta da casa do dono da empresa em Nova Iorque.

Apesar de ter sido uma das empresas que mais ganhou com a pandemia, a Amazon continua a não partilhar esses ganhos com os seus trabalhadores ou com os produtores dos artigos que tem à venda. A espiral de inflação fez a empresa aumentar preços, mas não os salários reais dos seus trabalhadores. Além disso, continuam as más condições de trabalho, com taxas de acidentes muito acima da média do setor, e a reiterada prática anti-sindical. E em matéria de proteção ambiental, a promessa de descarbonização completa em 2040 contrasta com o aumento de 18% nas emissões (subestimadas) de CO2 no ano passado e com o financiamento de pelo menos 25 candidatos negacionistas das alterações climáticas nas recentes eleições intercalares norte-americanas.

Os protestos dos últimos meses em armazéns na Europa e EUA resultaram num aumento salarial na Alemanha, em valores abaixo da inflação, e num bónus de 500 libras no Reino Unido. No entanto, a empresa anunciou que o pagamento da segunda metade do bónus seria feito apenas aos trabalhadores sem “ausências injustificadas” entre 22 de novembro e a véspera de Natal, o que o sindicato GMB considera ilegal. Os trabalhadores exigem um aumento das atuais 10.50 para 15 libras por hora.

Em Espanha, Amazon insiste em não cumprir a “lei rider”

Esta semana, a Amazon anunciou ter recorrido da multa de 5,8 milhões de euros aplicada pela Inspeção do Trabalho catalã por se recusar a contratar diretamente os distribuidores para os seus quadros. Na quarta-feira, a diretora de Relações Laborais da empresa confirmou que não irá contratar ninguém até que a justiça a obrigue, revelou o El Diario.

Tal como acontece com as plataformas como a Uber ou a Glovo, a Amazon também é visada pela “lei rider”, que obriga à criação de um vínculo laboral direto entre a empresa e os trabalhadores ao seu serviço, acabando com a ficção dos “parceiros”, que na prática são seus trabalhadores, mas sem que esta pague as contribuições para a Segurança Social ou assegure os direitos laborais previstos na lei. A Amazon promove a criação de pequenas empresas distribuidoras dos produtos que vende, cujo único cliente é a Amazon, trabalham em veículos com o símbolo da Amazon, seguem as rotas fixadas  pela Amazon e são geridos por um sistema informático e avaliados por um algoritmo que também pertencem à multinacional. A empresa subcontrata cerca de sete mil distribuidores em Espanha, responsáveis por escoar cerca de metade das encomendas. A outra metade é entregue aos Correios ou a grandes distribuidoras.

Fonte: Esquerda
Data original da publicação: 25/11/2022

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