Depois de chegar na sexta-feira (23/10) à proposta de reajuste de 10% para salários, piso e participação nos lucros ou resultados (PLR) e de 14% para os vales alimentação e refeição e para a 13ª cesta, os banqueiros cederam à pressão dos trabalhadores e decidiram que não vão descontar os dias parados. A categoria realiza assembleias no início da semana, e a orientação do Comando Nacional dos Bancários para os sindicatos é de aceitação da proposta.
A Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) pretendia que os trabalhadores pagassem ou compensassem todos os dias paralisados durante a greve. O Comando Nacional não aceitou e isso fez com que as negociações se arrastassem por toda a sexta-feira. A rodada foi interrompida por volta de 23h30 e somente neste sábado à tarde os bancos cederam.
O Comando Nacional conquistou abono de 53 horas para os dias parados para quem tem jornada de 6 horas (representa 63% de horas abonadas). Para quem tem jornada de 8 horas, foram abonadas 81 (72%).
Assim, na sexta-feira a Fenaban fez sua proposta final. Era o 18º dia de greve e até então todas as propostas apresentadas pelos bancos estavam abaixo da inflação e impunham perdas aos trabalhadores: 5,5% mais abono de R$ 2.500 em 25 de setembro; depois 7,5% e 8,75% na última semana, para finalmente chegar aos 10% diante da inflação de 9,88% (INPC acumulado em 12 meses, até agosto).
Assim, caso a proposta seja aceita, a negociação garantiu que não haverá desconto dos dias e a compensação resultaria em abono de 63% dos dias parados para quem faz jornada de seis horas e de 72% dos dias para quem faz oito horas. A compensação, seja para quem fez os 14 dias úteis de greve ou menos seria de, no máximo, uma hora por dia, entre 4 ou 5 de novembro (quando o acordo, caso aprovado, será assinado) até 15 de dezembro.
Na base do Sindicato dos Bancários de São Paulo, a assembleia será na segunda-feira, às 17h, no Centro Trasmontano (Rua Tabatinguera, 294, Sé). Haverá credenciamento para participar e será necessário apresentar crachá ou holerite acompanhado de documento com foto.
Na questão da saúde, os bancos apresentaram um termo de entendimento a ser assinado entre os seis maiores bancos e o movimento sindical bancário com mesas específicas para tratar de ajustes na gestão das instituições de modo de reduzir as causas de adoecimento e afastamento. As comissões de empresa acompanharão para garantir a melhoria das condições de trabalho.
“Esse resultado foi alcançado graças à pressão dos trabalhadores, que não podem ser punidos pelo seu direito à mobilização”, afirma a presidenta do sindicato de São Paulo, Juvandia Moreira, uma das coordenadoras do Comando. “A proposta apresentada representa mais um ano em que os bancários conseguirão garantir seu poder de compra. Estamos num ano de recessão, não crescimento, desemprego maior, com categorias fechando acordos até abaixo da inflação. Diante desse cenário a luta dos bancários representa uma vitória contra os bancos que queriam impor perdas à categoria”, ressalta a dirigente. Com esse índice, em 12 anos a categoria vai acumular 20,83% de ganho real nos salários e 42,3% nos pisos.
“Os banqueiros tentaram impor uma derrota a categoria, inicialmente com um reajuste abaixo da inflação. A greve reverteu essa tentativa. Depois, a Fenaban queria, para punir os grevistas, o pagamento ou a compensação total das horas. Mais uma derrota para os bancos”, afirmou o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Roberto von der Osten, que também é um dos coordenadores do Comando Nacional.
Fonte: Rede Brasil Atual
Data original da publicação: 24/10/2015