Eduardo Miguel Schneider
Pelo segundo mês consecutivo o nível ocupacional permaneceu relativamente estável. Em maio, no conjunto das regiões metropolitanas pesquisadas, foram apenas 19 mil trabalhadores ocupados a menos que no mês anterior (-0,1%). Considerando o mercado de trabalho em sua totalidade, observa-se que essa redução no nível ocupacional foi compensada pela saída de 76 mil trabalhadores da força de trabalho. Somente por isso, o número de desempregados logrou reduzir-se em 57 mil indivíduos. Contudo, ainda há 2,3 milhões de trabalhadores desempregados no espaço metropolitano investigado [*].
Dados os movimentos acima descritos, a taxa de desemprego total metropolitana permaneceu relativamente estável no último mês, ao passar de 11,1% da PEA (População Economicamente Ativa) em abril para 10,9% em maio.
A tendência da taxa de desemprego metropolitana também foi de estabilidade: em maio de 2013 a taxa havia sido de 11,1% da PEA. Mas essa estabilidade da taxa de desemprego não se distribuiu homogeneamente nas regiões, mas foi resultado do aumento ocorrido em Belo Horizonte, da diminuição registrada em Fortaleza e Salvador, da relativa estabilidade observada em Porto Alegre e Recife e da estabilidade em São Paulo.
O gráfico acima mostra o desempenho conjuntural no mês e a tendência nos últimos 12 meses da taxa de desemprego total nas seis regiões investigadas.
O rendimento médio real dos ocupados aumentou 0,5% em abril, encerrando o período em R$ 1.735. Também a tendência nos últimos 12 meses foi de elevação dos rendimentos: entre abril de 2013 e de 2014, o rendimento médio real dos ocupados aumentou 5,4%.
A massa de rendimentos é um importante indicador de futuro da economia, visto que revela o seu potencial de consumo, sobretudo em uma economia alicerçada sobre o mercado interno. Nos últimos 12 meses, findos em abril de 2014, a Massa de rendimentos reais dos ocupados aumentou consideráveis 7,4%, como resultado de aumentos do rendimento médio e do nível de ocupação.
Em síntese, o mercado de trabalho passa por um período de estabilidade típico para essa época do ano quando, dados os padrões sazonais da atividade produtiva, há uma inflexão do movimento: após iniciar o ano desaquecido, o mercado de trabalho normalmente melhora seu desempenho no segundo semestre. Resta saber o fôlego dessa recuperação esperada para os próximos meses neste ano. Se, por um lado, o recente aumento da massa salarial contribui favoravelmente para aumentar o consumo e, por conseguinte, estimular a produção e o emprego, por outro lado, a expectativa do mercado financeiro para o crescimento do PIB brasileiro para 2014 é desfavorável; segundo o último Boletim Focus do Banco Central situa-se em apenas 1,2%.
Mais informações: http://www.dieese.org.br/analiseped/ped.html
Nota
[*] Regiões Metropolitanas da Pesquisa: de Belo Horizonte, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Salvador e São Paulo.Eduardo Miguel Schneider é mestre em Economia do Desenvolvimento pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS); especialista em Gestão Pública Participativa pela Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS).