Na proposta de Guedes, salário mínimo e aposentadorias podem cair 40% em 20 anos

Uma perda de 40% do salário mínimo em 20 anos e mais de 70 milhões de brasileiros deverão ser prejudicados pela mudança no reajuste, contida na proposta econômica de Paulo Guedes para Jair Bolsonaro em 2023, se eleito.

Os cálculos são do economista Eduardo Fagnani, professor da IE da Unicamp e pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e do Trabalho, repassados ao colunista Leonardo Sakamoto.

Fagnani mostra que a proposta de “refundação” da economia, como contrapartida para ter recursos de R$ 600 para o Auxílio Brasil e outros benefícios eleitorais usados pelo atual presidente para tentar a reeleição, impactarão milhões de trabalhadores.

Os cálculos da perda real

O governo Bolsonaro nega que a proposta de Guedes diminuirá o salário mínimo ou não irá reajustar o mesmo.

A proposta até indica um reajuste, mas com base na meta da inflação, e não na inflação em si. As metas, muitas vezes, são inferiores ao que efetivamente é praticado.

“Se essa proposta do governo for implementada, o salário mínimo vai ser reajustado abaixo da inflação, o que, ao longo do tempo, pode acarretar uma perda substantiva no poder de compra das famílias”, disse o especialista.

Assim, na prática, caso a proposta de Guedes passasse a valer desde 2002, por exemplo, o salário mínimo hoje seria cerca de 40% dos atuais R$ 1212. E desde que Bolsonaro assumiu em 2019, o mínimo já não é reajustado acima da inflação.

Reforma da Previdência disfarçada

Ainda, o texto de Paulo Guedes impõe uma Reforma da Previdência disfarçada. Isso porque todos os benefícios e aposentadorias atrelados ao salário mínimo, como é o caso da Previdência Social urbana e rural, o BPC para idosos e o seguro-desemprego, também não serão reajustado conforme a inflação.

“Seria uma forma esperta de fazer uma nova Reforma da Previdência de grandes dimensões sem os mesmos debates e tramites parlamentares da última reforma. Espertamente excludente. Porque, em 10, 20 anos, levaria a uma redução expressiva de gastos com as aposentadorias urbanas e rurais e o BPC”, explicou.

Fonte: GGN
Texto: Patricia Faermann
Data original da publicação: 25/10/2022

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