Os 62 indivíduos mais ricos do mundo têm uma riqueza equivalente à da metade mais pobre da população mundial, diz relatório divulgado na segunda-feira (18/01) pela organização humanitária internacional Oxfam. O documento indica que a concentração de renda se acelerou recentemente, já que em 2010 seria necessário reunir a riqueza dos 388 mais ricos para se equiparar à dos 50% mais pobres. O relatório, intitulado “Uma economia para 1%: como o privilégio e o poder na economia conduzem a desigualdade extrema e como isso pode ser detido”, foi preparado para apresentação no encontro do Fórum Econômico Mundial, que começa nesta quarta-feira, em Davos (Suíça).
Segundo o sumário distribuído à imprensa, “a desigualdade descontrolada criou um mundo no qual 62 pessoas têm tanto quanto a metade da população mundial” e que “esse número caiu dramaticamente de 388 em 2010 e 80 no ano passado”. “O 1% mais rico agora tem mais riqueza do que o resto do mundo combinado”, afirma o texto.
O documento diz que “a riqueza da metade mais pobre da população mundial – isso é 3,6 bilhões de pessoas – reduziu-se em US$ 1 trilhão desde 2010. Essa queda de 41% aconteceu apesar de a população global ter crescido em cerca de 400 milhões de pessoas durante o período. Enquanto isso, a riqueza dos 62 mais ricos cresceu em mais de meio trilhão de dólares, para US$ 1,76 trilhão. Apenas nove dos 62 são mulheres”.
“Embora líderes mundiais tenham falado cada vez mais sobre a necessidade de combater a desigualdade, o abismo entre os mais ricos e o resto ampliou-se dramaticamente nos últimos 12 meses. A previsão da Oxfam, feita antes do encontro de Davos do ano passado, de que o 1% mais rico possuiria mais do que o resto de nós até 2016, na verdade tornou-se realidade em 2015, um ano antes”, prossegue o documento.
O foco da campanha da Oxfam neste ano é o combate à evasão fiscal. “Globalmente, estima-se que os indivíduos super-ricos têm um total de US$ 7,6 trilhões em contas no exterior. Se impostos fossem pagos sobre a renda que essa riqueza gera, US$ 190 bilhões extras estariam disponíveis para os governos anualmente”, diz o relatório. Segundo a o documento, “estima-se que 30% de toda a riqueza financeira da África é mantida no exterior, custando cerca de US$ 14 bilhões em receita fiscal perdida a cada ano”.
O relatório faz uma cobrança especificamente dirigida ao primeiro-ministro britânico, David Cameron, ao lembrar que ele prometeu, durante a reunião de cúpula do G-8 em 2013, que tanto o Reino Unido como os territórios britânicos no exterior e as “dependências da Coroa”, como as Ilhas Cayman, as Ilhas Virgens Britânicas e outros, adotariam um registro público dos proprietários de empresas, num esforço para coibir o uso de companhias fantasmas com o objetivo de evitar o pagamento de impostos. “O Reino Unido cumpriu aquela promessa, mas até agora somente um território no exterior, Montserrat, e nenhuma dependência da Coroa deu continuidade”, diz o texto.
“Já não é suficientemente bom para os mais ricos fingirem que sua riqueza beneficia o resto de nós, quando os fatos mostram que a recente explosão da riqueza dos super-ricos veio às custas dos mais pobres”, afirmou Mark Goldring, executivo-chefe da sessão britânica da Oxfam.
Fonte: Estado de Minas, com Agência Estado
Data original da publicação: 18/01/2016