30 de abril de 1945: surge o Movimento Unificador dos Trabalhadores

No final do Estado Novo, o Movimento Unificador dos Trabalhadores surgiu como órgão intersindical de atuação nacional.

sindicatos
Ilustração: PNGWing

Laura Glüer

Durante o Estado Novo, sob o governo de Getúlio Vargas, os trabalhadores resistiram ao máximo na defesa de direitos, apesar da repressão e controle governamental. Movimentos grevistas deram significativa contribuição para a volta da democracia no país. Neste contexto, nasceu em 30 de abril de 1945 o Movimento Unificador dos Trabalhadores (MUT), órgão intersindical de atuação nacional. 

No contexto final do Estado Novo, a classe trabalhadora realizou grandes greves e apostou na reorganização de suas entidades. 

O Partido Comunista do Brasil (PCB) teve um importante papel nesse momento histórico, ainda que contraditório. Por um lado, apoiava a Constituinte de Getúlio. Por outro, era também o partido das ruas, das praças, das festas populares, dos bairros operários, das fábricas. 

Assim, não foi possível conter a onda de greves em 1945 e a reorganização de sindicatos considerados clandestinos na época. O PCB adotou então um novo posicionamento, passando a apoiar as greves, marchas e comícios e dando sustentação à fundação do MUT. 

Com a participação de 300 dirigentes sindicais, oriundos de 13 estados, o MUT estimulou a criação de comitês de trabalhadores em locais de trabalho. Os Comitês Democráticos eram as organizações de base do MUT para atuar nos sindicatos. 

Desde a criação do MUT, já é possível identificar a ênfase no processo de redemocratização – o que, do ponto de vista sindical, traduzia-se na defesa da liberdade sindical, na participação em campanhas de sindicalização e de eleições sindicais. O movimento foi o primeiro grande ensaio dos comunistas na sua política de ‘União Nacional para a Democracia e o Progresso’”, não deixando de apoiar os trabalhadores nas suas reivindicações econômicas e sabendo aproveitar-se da falta de iniciativa das direções sindicais inoperantes na ocasião.

Do ponto de vista da lógica do mundo do trabalho, o movimento também foi um marco após o surgimento da legislação trabalhista – CLT, em 1943. Isso porque, mesmo reconhecendo os avanços, a classe trabalhadora brasileira passou a valorizar novamente a lógica da greve como instrumento de conquistas, demonstrando que não haviam abdicado da luta para fazer valer seus direitos. 

Fonte

Konrad, Glaucia Vieira Campos. A REDEMOCRATIZAÇÃO AO FINAL DO ESTADO NOVO: O MOVIMENTO UNIFICADO DOS TRABALHADORES – XIV Encontro Estadual de História. Porto Alegre, PUCRS, 2018. Disponível em: https://www.eeh2018.anpuh-rs.org.br/resources/anais/8/1531166345_ARQUIVO_2018-ANPUH-RS-MUT-TextofinaldeGlauciaVieiraRamosKonrad.pdf. Acesso em: 29 abr. 2024.

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