Há 202 anos, morria o inventor escocês James Watt, que aprimorou o motor a vapor e ajudou a disparar a Revolução Industrial.
Igor Natusch
Sem o motor a vapor, é razoável supor que a Revolução Industrial simplesmente não teria acontecido. Embora não tenha sido exatamente o inventor da tecnologia, o engenheiro escocês James Watt implementou mudanças decisivas no design e funcionalidade do equipamento, que fizeram dele um dos pilares das amplas transformações econômicas, sociais e ambientais que mudaram o mundo entre a segunda metade do século XVIII e a primeira metade do século seguinte. O inventor faleceu há exatos 200 anos, no dia 25 de agosto de 1819, rico e reconhecido pelos seus pares, mas ainda assim antes de poder contemplar boa parte dos efeitos de sua principal criação.
Nascido em 1736 em Greenock, nas chamadas terras baixas da Escócia, ele recebeu boa parte de sua educação fundamental em casa, já que as fragilidades de sua saúde impediam que frequentasse regularmente as salas de aula. Interessado desde sempre em matemática, Watt passou a trabalhar com o pai na construção de embarcações, o que disparou seu interesse pela fabricação de mecanismos e instrumentos de medição. Após um período de aprendizado em Londres, Watt recebeu apoio de três professores da Universidade de Glasgow (entre eles, o renomado economista Adam Smith, que desafiaram o grêmio de artesãos da cidade e permitiram que ele operasse uma pequena oficina no local.
Watt começou a experimentar com engenhos a vapor em 1759. À época, uma máquina do tipo já existia, criada por Thomas Newcomen para a extração de água de poços. O equipamento, porém, tinha eficiência limitada, e havia sofrido poucas modificações nos quase 50 anos desde sua invenção. Após trabalhar em uma dessas máquinas, em 1763, Watt percebeu que o aquecimento frequente do cilindro a cada ciclo causava grande desperdício da energia térmica gerada – uma constatação feita quase um século antes que a ciência da termodinâmica fosse desenvolvida adequadamente. Ao fazer com que a condensação do vapor ocorresse em um compartimento separado, além de criar um mecanismo para manter constante a temperatura do cilindro, o jovem engenheiro escocês promoveu uma mudança decisiva em termos de eficiência.
Em 1765, um primeiro modelo desta nova máquina foi desenvolvido. Parcerias com o inventor John Roebuck e, mais tarde, com a empresa Soho Manufactory do industrial Matthew Boulton permitiram a futura produção em larga escala da tecnologia, a partir de uma patente em 1769. Posteriormente, a adoção de uma manivela deixou a máquina ainda mais prática e eficiente. Assim que foi reconhecida como uma fonte confiável de energia, a máquina a vapor de Watt rapidamente se tornou uma favorita nas fábricas de todo o Reino Unido, trazendo grande fortuna a ele e seus sócios.
Segundo especialistas, as inovações disparadas por James Watt fizeram com que inúmeros setores da indústria pudessem surgir e se desenvolver, além de revolucionar a capacidade humana de produção e de transportes. Em paralelo, essas transformações tiveram amplo impacto sobre a sociedade, com grandes contingentes humanos se deslocando do campo para buscar trabalho junto às indústrias viabilizadas pelo engenho de Watt. Independente do que se pense sobre o mundo que surgiu a partir da Revolução Industrial, a verdade é que quase nada seria igual depois do advento dos motores a vapor, e James Watt está entre as poucas pessoas que efetivamente transformaram o mundo com suas intervenções.
Qualquer coincidência é mera semelhança! Em que século estamos mesmo?