Há 113 anos, iniciava a Greve das 20 mil, importante paralisação de trabalhadoras mulheres na indústria norte-americana.
Igor Natusch
As condições de trabalho eram terríveis no setor têxtil dos EUA no início do século XX. Jornadas acima de 60 horas semanais eram regra, sempre em ambientes insalubres e com portas trancadas, para que ninguém fizesse intervalos. A discriminação contra mulheres era igualmente visível, e a maioria delas trabalhavam sob o rótulo de “aprendizes”, recebendo 3 ou 4 dólares por dia de trabalho – cerca de um terço do que os “operários”, em sua ampla maioria homens, conseguiam arrecadar.
Após vários movimentos menores, trabalhadoras judias que trabalhavam na costura de blusas femininas em Nova York deram início, no dia 22 de novembro de 1909, a uma greve que se estenderia por meses. Em uma fala histórica, a costureira Clara Lemlich, líder de uma paralisação na fábrica Leiserson semanas antes, pediu a palavra em uma reunião da categoria e, ao contrário dos homens cautelosos que a antecederam, defendeu a greve geral, sendo ovacionada pelos presentes. Em menos de 24 horas, mais de 20 mil costureiras foram às ruas, abandonando os postos de trabalho na época de maior demanda produtiva.
Sob pressão constante de patrões, policiais e juízes, os piquetes foram esvaziando aos poucos, e a Greve das Vinte Mil chegou ao fim em 15 de fevereiro de 1910. Ainda assim, as trabalhadoras lideradas por Clara conseguiram importantes vitórias: quase todas as mais de 350 fábricas têxteis da região concordaram em oferecer melhores salários, redução na jornada de trabalho, tratamento igual às sindicalizadas e fornecimento de equipamentos de trabalho sem cobrança de taxas, entre outros avanços.
[…] 1909: greve têxtil nos EUA. […]