Os confrontos ocorreram no início da passeata convocada pela Confederação Geral do Trabalho (CGT) contra as reformas do presidente Emmanuel Macron. Os choques aconteceram na região de Austerlitz, leste da capital, quando a marcha de sindicalistas se preparava para partir.
Sob a justificativa de supostamente ter agido em prol da segurança após alguns manifestantes quebrarem vitrines (entre elas, a fachada de uma concessionária Renault e uma lanchonete McDonald’s, multinacionais símbolos de um capitalismo que oprime) e incendiarem veículos, além de fazer algumas barricadas, a polícia francesa respondeu com bombas de gás lacrimogênio e jatos de água. 200 pessoas foram detidas.
O ministro francês do Interior, Gérard Collomb, condenou com firmeza as degradações. “Tudo está sendo feito para cessar essas graves perturbações à ordem pública e conter os autores desses atos inqualificáveis”, declarou via Twitter. No geral, os black blocks pretendem desafiar por meio de suas ações a ordem vigente, responsável por um sistema que oprime e promove a desigualdade.
Segundo a polícia, a passeata parisiense, que esse ano foi convocada por dois sindicatos, reuniu cerca de 20 mil pessoas (55 mil de acordo com os organizadores).
O secretário-geral da CGT, Philippe Martinez, acusou o governo de não saber lidar com os black blocs. “Evidentemente, condenamos a violência, mas faz dois anos que isso acontece”, disse. “Os incidentes escondem os verdadeiros problemas”, disse, segundo informações do Estado de São Paulo.
Em meio a uma onda de greves, a CGT convocou 240 manifestações ontem na França, incluindo capitais regionais como Nantes, Grenoble, Lyon, Lille, Estrasburgo, Toulouse e Marselha.
De acordo com o Ministério do Interior, 143,5 mil pessoas participaram das passeatas – 210 mil, segundo os organizadores. O principal objetivo é pressionar Macron a ceder na reforma do setor ferroviário, que entre seus objetivos, pretende abrir a empresa estatal responsável por esse tipo de transporte para a “concorrência”. Os sindicatos e a esquerda alertam que a medida, inserida no pacote de reformas neoliberais de Macron, abrirá caminho para a flexibilização do trabalho e para as privatizações desenfreadas.
Fonte: Vermelho, com RFI
Data original da publicação: 02/05/2018