Há 102 anos, nascia o educador Paulo Freire, um dos mais importantes nomes da pedagogia em todos os tempos.

Igor Natusch
Em 1963, ocorria a primeira grande experiência de alfabetização popular do educador e filósofo Paulo Freire, na cidade de Angicos (RN), marcada pelo cultivo da cana de açúcar. A proposta era ousada e inusitada: ensinar jovens e adultos a ler e escrever em apenas 40 horas de aula. O resultado do processo, acompanhado de perto por jornalistas e estudiosos brasileiros e estrangeiros, foi notável: dos cerca de 380 participantes, em torno de 300 foram alfabetizados pelo educador, que futuramente seria reconhecido como um nome definidor da educação em todo o mundo. Nascido no Recife no dia 19 de setembro de 1921, Freire é uma das principais mentes da chamada pedagogia crítica, enriquecendo-a de forma decisiva com pensamentos e experiências que desenvolveu no Rio Grande do Norte, em Pernambuco e outros estados brasileiros.
Em suas obras (como nos livros “Educação como Prática da Liberdade”, de 1967, e “Pedagogia do Oprimido”, de 1968), o pensador apropria-se dos conceitos de descolonização de pensadores como o martinicano Frantz Fanon, aproxima-os de enunciados marxistas e hegelianos e, a partir dessas influências, estabelece propostas para uma educação inclusiva, participativa e libertadora. Freire era crítico do que chamava educação bancária: a visão do estudante como uma mente vazia a ser preenchida pelo conhecimento do professor, em um processo inibidor da criatividade que impõe ao aluno a passividade, a alienação e a subordinação. Em resposta, o educador propõe a educação como prática dialética e libertadora, calcada na troca de experiências e que veja o educando como um sujeito consciente e capaz de, em seu processo de aprendizagem, promover transformações no mundo em que vive.
Assim, e como o próprio Freire frisava repetidas vezes, a sala de aula deve ser um lugar de aprender, e não somente de ensinar. O educando é alguém que traz consigo uma ampla gama de saberes e vivências, e cabe ao educador estimulá-lo a descobrir seu próprio potencial humano e de aquisição de conhecimento. Assim, o chamado Método Paulo Freire promove a aprendizagem como um processo de autonomia do estudante, estabelecido em horizontalidade com o professor e que resulta em indivíduos presentes e atuantes em sua própria trajetória, na escola e no mundo.
Seu trabalho na busca de uma educação popular e democrática causou enorme impacto não apenas na pedagogia, mas no universo acadêmico como um todo. Recebeu mais de 40 títulos de Doutor Honoris Causa, além do prêmio Educação para a Paz da UNESCO, sendo possivelmente o brasileiro mais homenageado no exterior em todos os tempos. Em 2012, foi oficializado como Patrono da Educação Brasileira. Porém, e apesar das incontáveis escolas batizadas com o nome de Paulo Freire no Brasil, a aplicação de sua metodologia foi tolhida a partir do golpe de 1964, e nunca chegou a ser uma tendência ampla no sistema educacional do país.
Perseguido e exilado durante a ditadura militar, Freire retornou ao país no começo dos anos 1980 e foi secretário de Educação da cidade de São Paulo, onde implementou o Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos (MOVA), que influencia iniciativas semelhantes até os dias atuais. Fundado em 1991, o Instituto Paulo Freire preserva seu legado e fomenta ações em prol de um ensino que promova uma efetiva transformação social. O pensador faleceu em 1997, aos 75 anos, tendo deixado um dos mais impressionantes legados intelectuais de nossa história – além de uma grande contribuição para pensar a educação libertadora de trabalhadores e trabalhadoras de todo o mundo.
Sou Pres Instituto Paulo Freire Ação Social em Paulista Pernambuco
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Eng Antônio Veras
Instituto Paulo Freire Ação Social em Paulista Pernambuco, tem por objetivos a prática de cursos profissionalizantes, ações sociais e educação política institucional, com objetivos na formação do verdadeiro cidadão cônscio das suas responsabilidades como seres humanos e atributos sociais