18 de outubro de 1925: nasce Demistóclides Batista, o Batistinha, destacado sindicalista que teve mandato cassado por militares

Há 98 anos, nascia Demistóclides Batista, o Batistinha, destacado sindicalista que teve mandato cassado por militares.

Demistoclides Batista, o Batistinha. Fotografia: Wikimedia Commons

Igor Natusch

Nascido em 18 de outubro de 1925, na cidade de Cachoeiro do Itapemirim (ES), Demistóclides Batista foi uma das mais importantes figuras da história sindical brasileira, em especial na classe ferroviária. Apesar do nome próprio sonoro, foi com o apelido Batistinha que ele tornou-se conhecido, ao ponto de tornar-se deputado federal em um dos momentos mais conturbados da história política do Brasil: o tenso governo de João Goulart, abreviado pelo golpe que instaurou a ditadura militar.

O envolvimento com o mundo do trabalho começou na adolescência, quando Batistinha ingressou na carreira de ferroviário, seguindo o exemplo do pai e do avô. Na juventude, ele dirigiu a Casa do Estudante de sua cidade natal, e ascendeu na política estudantil até ser eleito, em 1953, presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas. No ano seguinte, filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) e foi eleito pela primeira vez presidente do Sindicato dos Ferroviários da Estrada de Ferro Leopoldina, o que fez com que ele se mudasse temporariamente para o Rio de Janeiro. 

Formado advogado trabalhista pela Universidade Federal do Espírito Santo, Batistinha liderou vários movimentos grevistas da classe ferroviária durante os anos 1950 e 1960. Isso, somado a seu pensamento político abertamente comunista e suas atividades junto ao Pacto de Unidade e Ação e ao Comando Geral dos Trabalhadores, fez com que ele se tornasse alvo frequente das autoridades. Em 1961, ganhou notoriedade nacional ao ser o condutor do Trem da Legalidade, que conduziu cerca de cinco mil ferroviários em defesa da posse do vice João Goulart como Presidente da República. 

Figura cada vez mais reconhecida por trabalhadores e trabalhadoras, Batistinha elegeu-se deputado federal pelo Rio de Janeiro em 1962, filiado ao Partido Social Trabalhista (PST) – à época, o PCB estava na clandestinidade. O sindicalista integrava a chamada Chapa de Renovação Federal – que continha, além do PST, o Movimento Trabalhista Renovador (MTR) e o Partido Socialista Brasileiro (PSB). Batista assumiu em fevereiro do ano seguinte, mas não chegou a cumprir o mandato em sua totalidade: por força do Ato Institucional nº1, instituído pela ditadura militar em abril de 1964, perdeu os direitos políticos e viu-se forçado a deixar o país. Fugiu para o Uruguai, mas acabou regressando em 1966 e vivendo na clandestinidade, até ser preso pelos militares em 1967.

Condenado como subversivo, Batistinha cumpriu pena até o começo dos anos 1970. Após ser libertado, afastou-se temporariamente da militância, atuando como advogado trabalhista. A partir de 1979, recupera os direitos políticos com a Lei da Anistia e filia-se ao Partido dos Trabalhadores, passando a atuar novamente em movimentos grevistas a partir da metade dos anos 1980, o que fez até sua morte. Chegou a concorrer ao Senado em 1986, mas não conseguiu eleger-se. 

Depois de décadas de atividade intensa em prol da classe trabalhadora, Demistóclides Batista acabou morrendo de forma trágica: foi assassinado em casa por três criminosos em 5 de julho de 1993, diante da esposa e dos netos. Apesar dos sinais claros de execução, e do igualmente suspeito assassinato de um sobrinho de Batista dias antes do crime, a investigação que se seguiu nunca conseguiu esclarecer o crime, que permanece impune. De qualquer modo, se não teve a morte devidamente punida, Batistinha recebeu ao menos uma justiça póstuma: em dezembro de 2012, a Câmara dos Deputados fez a devolução simbólica do mandato do sindicalista, ao lado dos demais 416 parlamentares cassados pelos militares.

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