Nascia nesta data Chico Mendes, líder seringueiro e um dos mais importantes sindicalistas da história do Brasil.
Igor Natusch
Reconhecido como um dos maiores ativistas em defesa das florestas de todos os tempos, Francisco Alves Mendes Filho (ou Chico Mendes, como ficou conhecido) ainda é um nome inspirador para ativistas de todo o mundo, trinta anos após sua morte. Nascido no dia 15 de dezembro de 1944, em Xapuri (AC), o sindicalista colocou o trabalho dos seringueiros, que vivem da extração de látex na mata amazônica, no centro da agenda ambiental, em um dos legados mais importantes para a luta dos trabalhadores em nosso país.
Seringueiro desde criança, Chico entrou na vida sindical em 1975, quando assumiu como secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia. As ameaças de morte iniciaram logo depois, e o sindicalista foi preso e torturado em 1979, mesmo exercendo mandato como vereador de Xapuri. Participou da fundação do PT em 1980 e, no ano seguinte, assumiu a direção do Sindicato de Xapuri, cargo no qual destacou-se internacionalmente e que exerceria até sua morte, cerca de sete anos depois.
Chico Mendes defendia a reforma agrária e lutava firmemente pelos direitos dos seringueiros, que dependiam da preservação da floresta amazônica para a própria subsistência. Além disso, defendia os povos originários da região, buscando alianças para a extração sustentável de látex e castanha-do-Pará em suas reservas, além de promover ações de combate ao desmatamento. Denunciou inúmeras vezes as ameaças que sofria de fazendeiros locais, mas seus pedidos de proteção eram minimizados: semanas antes da morte de Chico Mendes, o influente Jornal do Brasil desistiu de publicar uma entrevista do seringueiro, considerando sua fala inflamada demais e alegando que ele não era relevante o suficiente para receber tanto destaque.
Os riscos que Chico Mendes sofria se concretizaram em 22 de dezembro de 1988, quando foi morto a tiros na porta de casa. Os fazendeiros Darly Alves da Silva e seu filho, Darcy Alves Ferreira, foram condenados pelo crime, em meio a uma comoção internacional motivada pelo crime.
A morte, porém, não diminuiu em nada a força de sua luta. Hoje, a área onde ele morava está consolidada como a Reserva Extrativista Chico Mendes, apenas uma das mais de 30 criadas a partir de sua influência. Fundado por sua esposa Ilzamar e sua filha Elenira, o Instituto Chico Mendes atua em projetos sócio-ambientais no Acre, e seu exemplo inspira incontáveis esforços de entidades sindicais e ambientalistas em todo o mundo.