Para CEO do Google, solução para desemprego é trabalho em meio período

Na história recente da humanidade, processos de automação de processos produtivos reduziram o número de vagas no mercado, e a tendência é que a aplicação das novas tecnologias estreitem ainda mais o mercado de trabalho. O cofundador e diretor executivo do Google, Larry Page, sabe disso e a solução que ele oferece é simples: “basta reduzir o tempo de trabalho”.

— Se você realmente pensar sobre as coisas que precisa para ser feliz — moradia, segurança, oportunidades para as crianças. Não é difícil para nós provermos essas coisas. A quantidade de recursos que precisamos para isso, a quantidade de trabalho é bem pequena. A ideia de que todo mundo precisa trabalhar freneticamente para atender as necessidades das pessoas não é verdadeira. Eu acho que existe um problema e nós não reconhecemos isso — afirmou Page, em entrevista a Vinod Khosla, investidor indiano conhecido por ser um dos fundadores da Sun Microsystems. — Eu estava pensando, a extensão disso é que você tem desemprego global ou generalizado. Basta reduzir o tempo de trabalho.

Page afirma pensar constantemente no tema e disse ter conversado com Richard Branson, empreendedor britânico fundador do grupo Virgin, sobre a possibilidade de contratação de duas pessoas em meio período em vez de apenas uma em um turno para resolver a questão do desemprego no Reino Unido.

— Ao menos os jovens poderão ter emprego em meio período em vez de estarem desempregados. E seria uma redução nos custos para os empregadores — disse Page. — A maioria das pessoas gostam de trabalhar, mas elas também gostam de ter mais tempo para a família ou para buscar seus próprios interesses. Então essa seria uma maneira de lidar com o problema, se existisse uma forma coordenada de apenas reduzir a jornada de trabalho. Assim, mesmo que o número de vagas diminua, você pode ajudar e as pessoas ainda terão empregos.

Sergey Brin, parceiro de Page na criação do Google, discorda um pouco dessa ideia, não acreditando que a situação possa mudar no curto prazo.

— Mas as pessoas sempre querem mais coisas ou mais entretenimento ou mais criatividade ou mais qualquer coisa — disse.

— Eu acho que é um sistema imperfeito, então não há razões para que isso funcione. Existem alguns argumentos econômicos, mas que não são tão verdadeiros hoje como já foram. Mas isso levaria a outros problemas de governança. Ninguém sabe realmente a resposta para essa pergunta — retrucou Page.

No bate-papo de meia hora, Page e Brin falaram sobre outros temas e fizeram previsões sobre o futuro da inteligência artificial. Segundo Brin, ainda não estamos próximos de replicar a inteligência humana, mas é apenas questão de tempo para isso acontecer:

— Os cientistas da computação nos prometem isso por décadas, mas ainda não entregaram. Eu acho que seria estupidez fazer prognósticos, mas nós temos muitas provas que é possível criar coisas inteligentes. Portanto, podemos presumir que um dia seremos capazes de fazer máquinas que podem raciocinar, pensar e fazer as coisas melhor do que nós.

Fonte: O Globo
Data original da publicação: 07/07/2014

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