Mercado de trabalho patina para arrancar em 2013

Eduardo Miguel Schneider

O número de ocupados aumentou pelo terceiro mês consecutivo em julho: foram mais 107 mil trabalhadores nessa condição – o melhor resultado mensal em 2013. Mas esse crescimento no nível ocupacional foi apenas suficiente para inserir igual número de trabalhadores que ingressaram no mercado nesse último mês; foi a maior entrada de trabalhadores desde agosto do ano passado. Desse modo, o número de desempregados permaneceu estimado em 2,4 milhões de pessoas no conjunto das sete áreas metropolitanas pesquisadas [*].

Assim, a taxa de desemprego total no espaço metropolitano brasileiro também não variou em relação ao mês anterior, permanecendo em 10,9% da PEA (População Economicamente Ativa) em julho.

Também a tendência da taxa de desemprego metropolitana brasileira foi de relativa estabilidade: em julho de 2012 a taxa havia sido de 10,7% da PEA (frente aos 10,9% atuais). Mas essa estabilidade do desemprego metropolitano não se distribuiu homogeneamente nas regiões. Foi sim resultado do aumento do desemprego em Salvador, Belo Horizonte e Recife e da redução ocorrida em Porto Alegre, Fortaleza e no Distrito Federal – em São Paulo, o desemprego se manteve relativamente estável.

O gráfico acima mostra o desempenho conjuntural no mês e a tendência nos últimos 12 meses da taxa de desemprego nas sete regiões investigadas.

O rendimento médio real dos ocupados praticamente não variou em junho (-0,1%), encerrando o período em R$ 1.610. Também a tendência dos rendimentos reais nos últimos 12 meses foi de relativa estabilidade: entre junho de 2012 e de 2013 variou 0,3%.

Nos últimos 12 meses findos em junho de 2013, a massa de rendimentos reais dos ocupados aumentou 0,9%, resultado explicado, principalmente, pela elevação do rendimento médio. A massa de rendimentos dos ocupados é a soma de todos os salários e remunerações que os indivíduos recebem pelo seu trabalho. Portanto, é o volume de recursos que os trabalhadores dispõem para consumo, pagamento de dívidas, etc. Nesse sentido, é um importante indicador de futuro da economia, visto que revela o seu potencial de consumo; sobretudo em uma economia que depende sobremaneira do potencial de desempenho do mercado interno. Nesse sentido, uma expansão da massa de rendimentos, como ocorrida no último ano, é importante, mas sua magnitude atual está muito aquém da observada nos últimos anos.

E o que se pode esperar para o ano? O padrão sazonal do mercado de trabalho brasileiro é, via de regra, de deterioração no primeiro semestre e de recuperação no segundo semestre do ano. Com isso, seria de se esperar que, para os próximos meses, as marchas e contramarchas do mercado de trabalho nessa “arrancada” se traduzam em uma efetiva retomada. Os sinais até então indicam que o mercado de trabalho “patina” para se recuperar. A intensidade e o fôlego da recuperação no segundo semestre vai depender muito do ritmo da economia. As constantes revisões para baixo da estimativa de crescimento do PIB para o ano não sinalizam um horizonte de curto prazo muito promissor. Atualmente, a estimativa do Boletim Focus do Banco Central é de um crescimento do PIB da ordem de 2,2%.

Mais informações: http://www.dieese.org.br/analiseped/ped.html

Nota

[*] Regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Salvador, São Paulo e Distrito Federal.

Editado em: 29/08/2013

Eduardo Miguel Schneider é mestre em Economia do Desenvolvimento pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS); especialista em Gestão Pública Participativa pela Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS).

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