10 de julho de 1830: são publicadas as resoluções da National Association for the Protection of Labour, central sindical pioneira no Reino Unido

Há 193 anos, eram publicadas as resoluções da National Association for the Protection of Labour, central sindical pioneira no Reino Unido

Igor Natusch

A necessidade de organização de trabalhadores e trabalhadoras nasceu praticamente junto com a exploração do trabalho, mas foram as consequências da Revolução Industrial que dispararam o movimento sindical tal como hoje o conhecemos. Uma das primeiras iniciativas no sentido de uma central sindical em território britânico (e, por consequência, no mundo) teve início oficial em 10 de julho de 1830, quando são publicadas as resoluções da National Association for the Protection of Labour (Associação Nacional para a Proteção do Trabalho, em uma tradução livre).

A entidade surge como iniciativa do irlandês John Doherty, um dos mais importantes sindicalistas da primeira metade do século XIX. Anos antes, ele havia se envolvido em uma tentativa de reunir guildas e fraternidades de fiadores de algodão em uma só federação, que acabou não se desenvolvendo de forma efetiva. Em 1828, como líder do sindicato da categoria na cidade de Manchester, Doherty liderou uma greve contra redução de salários, que durou seis meses; mesmo sem alcançar os objetos, essa paralisação consolidou em Doherty a determinação em construir entidades sindicais voltadas à classe trabalhadora de seu país.

A nova associação reunia, além de trabalhadores do setor têxtil, segmentos como mecânicos, metalúrgicos, ceramistas e mineiros, entre outros. O encontro inaugural dos delegados se deu em Manchester, entre os dias 28 e 30 de junho de 1830, e teve seus resultados publicados pouco mais de uma semana depois. Entre as resoluções, estava a adoção de uma estrutura administrativa ampla, a partir de um comitê central formado por um delegado para cada mil associados, que realizaria encontros semestrais. Doherty foi apontado como primeiro secretário-geral da federação.

Demonstrando a necessidade de centrais do tipo no Reino Unido, a National Association for the Protection of Labour cresceu rapidamente de início, se espalhando por condados vizinhos e chegando a um número de quase 100 mil associados. Durante um tempo, a entidade também fez circular dois jornais, o semanário United Trades Co-operative Journal e, depois, o Voice of the People, que chegou a uma tiragem de 30 mil exemplares. O órgão também se beneficiava de uma boa situação financeira: mesmo que a associação custasse uma libra, e os membros precisassem pagar 10 centavos por semana (valores consideravelmente altos para a época), muitos integrantes mantinham os pagamentos em dia. No auge, algo em torno de 150 sindicatos locais participaram da central.

Mesmo com esse início promissor, a National Association for the Protection of Labour não foi longe. A partir da metade de 1832, o Voice of the People parou de circular, e isso se somou às divergências entre Doherty e o comitê central – e também entre os próprios sindicatos, que por vezes eram contrários uns à presença dos outros – para criar um cenário de desmobilização geral. A formação do Operative Builders’ Union (Sindicato dos Operários de Construção, em tradução livre), em 1832, acelerou o processo de dissolução da federação anterior, que, no começo do ano seguinte, já não existia mais. Seu pioneirismo, porém, segue sendo um marco dos movimentos sindicais na Inglaterra e em todo o mundo.

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